Resenha do futebol candango, brasileiro e internacional no fim de semana da bola

1. Visto de trabalho
Os gols estrangeiros são cada vez mais uma realidade nos principais clubes do futebol brasileiro. O Flamengo venceu o Nova Iguaçu, no sábado, com dois gols do peruano Paolo Guerrero e outros dois do argentino Mancuello. Escudero fez o primeiro pelo Vasco, lembra o colega Carlos Eduardo Cândido. O Cruzeiro se deu bem contra o Tricordiano graças ao hermano Ábila. O Atlético viu um golaço de Otero no Independência. O equatoriano Bolanõs descontou para o Grêmio na derrota para o Caxias. O São Paulo perdeu na estreia de Rogério Ceni, mas Chávez colocou duas bolas na rede do Audax. Ah, o Inter perdeu para o Novo Hamburgo, mas Nico López foi o responsável pelo gol colorado. Os atacantes sul-americanos definitivamente invadiram a nossa praia… Fiquem de olho nos dirigentes, qualquer hora dessas aparece um dirigente estilo Donald Trump querendo construir muros, ou seja, querendo diminuir o número de gringos por aqui…

2. Síndrome de Peter Pan
Acho um desperdício o técnico Fernando Diniz, do Audax, não tentar a vida em um time grande. Vi trechos da vitória do time dele sobre o São Paulo, do calouro Rogério Ceni. Diniz perdeu uma pancada de jogadores depois do vice-campeonato no Campeonato Paulista do ano passado, e o time continua batendo um bolão. Antes do início do Estadual, ele afirmou que o Audax é o favorito depois dos quatro grandes. Eu coloco a Ponte Preta nessa lista, mas o Fernando Diniz tem razão. Deixa de ser Peter Pan e assuma um time grande, Diniz! Por falar em evolução profissional, Eduardo Baptista, que trocou a Ponte Preta pelo Palmeiras, começou bem o trabalho no Palmeiras ao vencer o Botafogo de Ribeirão Preto no Allianz Parque, por 1 x 0. Felipe Melo fez de tudo para roubar a cena, mas a tarde foi de “Yaya” Tchê Tchê, o volante-artilheiro alviverde.

3. Chama o Procon!
Numa boa, cobrar R$ 100 pelo ingresso para assistir Audax x São Paulo! Nem a estreia oficial do técnico Rogério Ceni foi capaz de impedir o boicote. Presidente do Audax, Vampeta quis ganhar dinheiro nas costas do tricolor e se deu mal. Ou não! Acredite: teve 2.219 pagantes.

4. A diferença entre uma liga e uma várzea
Essa nota em homenagem ao técnico Abel Braga, do Fluminense. Veja bem: no sábado, a partida entre Real Madrid e Celta foi adiada por causa de uma forte tempestade que atingiu a cidade de Vigo e danificou parte da estrutura do Estádio de Balaídos. Não houve tevê que colocasse os dois times em campo. Do Campeonato Espanhol para o Carioca, chamado de mais charmoso do país. Ao menos ontem, o charmoso foi antipático com o técnico Abel Braga. Chovia tanto no Estádio Los Larios antes da partida do Fluminense contra a Portuguesa que era capaz de arca de Noé ancorar no gramado. Abel Braga implorou para que o jogo fosse adiado em nome da integridade física dos jogadores, mas quem ouviu a opinião de quem já esteve lá dentro de campo? N-i-n-g-u-é-m! O duelo começou com 30 minutos de atraso e Abelão reclamou:

“É uma pena, não tem condição de jogo. O Carioca tem charme, tem Fla-Flu, Vasco e Flamengo, Clássico Vovô. Mas, todo ano é isso. Problemas no campo, precisa jogar em outra cidade”, protestou o treinador. “A bola não corre, não quica, não faz nada. Como é isso? Quarta-feira já temos outro jogo. Pior é o juiz ver que não tem condição de parar depois. Vai ter muito choque, contato físico. Tecnicamente, o jogo vai ser horroroso”, concluiu.

Todo ano é assim, amigo Abelão. E vai continuar sendo…

5. É duro ser time pequeno…
Acompanhei os minutos finais do duelo entre Botafogo e Macaé, no sábado à noite, pelo Campeonato Carioca, ao lado do colega alvinegro Luciano Marques. Virei para ele e disse: “Esse jogo só termina quando o Botafogo fizer o segundo, anota”. Bingo! O Glorioso anotou um gol polêmico com Vinícius Tanque pra lá dos 50 minutos da etapa final — 52 para ser preciso — e se mantém vivo na Taça Guanabara. Azar do pobre Macaé. O mesmo vale para o São Bento. Que pênalti mandraque aquele sofrido por Jô na vitória do último sábado.

6. Escondidinhos
O Bahia é o único time nordestino da Série A do Campeonato Brasileiro que lidera seu grupo na Copa do Nordeste. O tricolor comanda o Grupo B depois de vencer o Moto Club, no sábado. O Sport sofreu para derrotar o Juazeirense e está em segundo no C. Fica atrás do o River-PI nos critérios de desempate. E o Vitória? Despencou para o terceiro lugar no Grupo E depois de perder por 4 x 2 para o Botafogo-PB. Sinal de alerta ligado lá pelo Nordeste…

7. Tentação de Jesus
Impressionante o desempenho de Gabriel Jesus no Manchester City. São três jogos na Premier League, três gols. Nenhum jogador do City que fez ao menos um gol na história da Premier League, ou seja, a contar de 1992, tem média de um gol por partida. Nem quem passou e muito menos quem está na ativa. Sensacional. A tentação de Jesus é superar o desempenho de Robinho. Na primeira temporada com a camisa do clube inglês, o Rei das Pedaladas fez 14 gols na Premier League. Gabriel Jesus chegou na metade do torneio e já tem três. Se mantiver a média nos 14 jogos que restam no Nacional, pode terminar o Campeonato Inglês com 17. Improvável, mas não impossível. Além de jogar muito, o moleque tem uma estrela danada. Azar do Swansea na derrota de ontem por 2 x 1. Azar de Agüero, que vai perdendo espaço.

8. Perguntar não ofende
Alô, Tite! Quando você vai convocar o Lucas Moura? O moleque do Paris Saint-Germain continua comendo a bola lá na França e ninguém convoca. Dunga chamou a contragosto na Copa América Centenário. Eu entendo, Tite tem Willian e Philippe Coutinho em um lado e Neymar e Douglas Costa do outro para as pontas, mas o menino merece ao menos uma oportunidade. São 13 gols em 31 jogos na temporada de 2016/2017. Se fizer mais um — lógico que fará mais cedo ou mais tarde — será a melhor temporada dele no PSG. Com mais quatro, vai superar a melhor temporada goleadora, no São Paulo, em 2012: 16 gols em 60 partidas. A frieza dos números indica a possibilidade ao menos de uma chance.

9. Avisei sobre a maldição de Cúper…
Quem leu o post de ontem no blog já sabia qual seria o resultado da final da Copa Africana de Nações. Contei que o técnico Héctor Cúper havia disputado cinco finais antes da decisão de ontem e perdera todas. Dito e feito. Ontem, o técnico argentino desafeto de Ronaldo (será praga do Fenômeno?) começou vencendo o Egito por 1 x 0 e sofreu a virada de Camarões. Os Leões Indomáveis contabilizavam dois vices diante dos Faraós e quebraram o tabu. Com isso, estão na Copa das Confederações de junho, na Rússia. Camarões entra no Grupo B, ao lado de Chile, Austrália e Alemanha. O A tem Rússia, Nova Zelândia, Portugal e México. É a pior Copa das Confederações da história, com apenas um campeão mundial.

10. Mais que São Paulo, Fluminense…
O bordão do colega Marcelo Ramos, o narrador do povão, continua firme em relação ao Gama. O alviverde levou, ontem, ao Bezerrão, 3.021 pagantes. Não é nada, não é nada, a plateia foi maior do que a do São Paulo na Arena Barueri. Tudo bem, o ingresso lá em São Paulo estava caríssimo (R$ 100), caso de Procon, mas vale o que está no borderô: 2.219 pagantes. O Gama também levou mais público ao Bezerrão do que o Fluminense a Los Larios, onde goleou a Portuguesa por 3 x 0, ontem à noite. A vitória tricolor foi testemunhada por 1.529 pagantes. Por falar no Gama, o Candangão começou com Real e Paranoá surpreendendo os finalistas do ano passado. O Luziânia empatou por 1 x 1 com o Paranoá. E o Real venceu o Ceilândia no Abadião. As vitórias de Brasiliense e Sobradinho foram normais na minha opinião. O Jacaré vem para brigar pelo título e o Leão da Serra pegou um Brasília que tenta se remontar. Ah, pífio o público do primeiro jogo do ano no Mané Garrincha: 340 pagantes! O colega Fabrício Marques, do portal globoesporte.com, cedeu gentilmente ao blog a foto do do terceiro pior público da história da arena, desde a reinauguração, em 2013.

Primeira rodada
Luziânia 1 x 1 Paranoá
Ceilândia 0 x 1 Real
Brasília 2 x 3 Sobradinho
Paracatu 0 x 0 Santa Maria
Brasiliense 1 x 0 Formosa
Gama 2 x 0 Taguatinga
Artilheiro: Betinho (Sobradinho), 2 gols