52638104320_078cd1ac11_c Luís Castro: insatisfação com troca de data do clássico contra o Vasco. Foto: Vitor Silva/Botafogo Luís Castro mostrou insatisfação com mudança de data do clássico contra o Vasco. Foto: Vitor Silva/Botafogo

Desabafo de Luís Castro mostra a vida como ela é aos candidatos estrangeiros a técnico da Seleção

Publicado em Esporte

“Claro que o planejamento muda. Eu não estava habituado a mudarem os jogos de um dia para o outro, já fiz três planejamentos, mudam datas, não há respeito. Estou aqui como treinador, tenho que dar o melhor de mim, mas a vida é feita de respeito. Eu respeito muito quem está nas decisões, quem está nas decisões também tem que respeitar o treinador e os jogadores”. 

 

O desabafo é de Luís Castro, técnico português do Botafogo, depois da vitória por 2 x 1 contra o Volta Redonda pelo Campeonato Carioca. Aos poucos, ele descobre a vida como ela é — mas deveria ser — no futebol deste lado do Oceano Atlântico. Como diria a frase atribuída a Tom Jobim, “o Brasil não é para principiantes”. 

 

O compreensível “piti” de Luís Castro deveria viralizar e ser levado ao conhecimento de todo e qualquer candidato a técnico estrangeiro da Seleção depois da saída de Tite. É o resumo não somente da vida como ela é nos campeonatos estaduais, mas no futebol brasileiro. 

 

Luís Castro reclama da mudança de data do clássico contra o Vasco, combinado entre os cartolas e a Ferj. O aborrecimento é ainda mais grave se ele não foi consultado.

 

Importado ou não, o novo técnico da Seleção Brasileira viverá muitos dias de Luís Castro. Vai se irritar — e muito — com as esculhambações do futebol brasileiro. 

 

Como explicar a Carlo Ancelotti, Pep Guardiola, José Mourinho, Luís Enrique, Zinedine Zidane ou a algum outro alvo que ele não pode convocar mais de um ou dois jogadores do mesmo clube porque o time terá compromisso importante no torneio A ou B? Como justificar que a equipe X não cederá o jogador por uma ou outra razão?

 

Luís Castro, Abel Ferreira, Vítor Pereira e outros não entendem a desordem organizada até hoje. Imagina um comandante estrangeiro da Seleção!

 

Vão contar ao pretendido que recentemente um clássico entre Brasil e Argentina foi paralisado porque jogadores da atual campeã da América e da Copa do Mundo não tinham vacina contra a covid-19 e entraram ilegalmente no país?

 

Dirão que quase sempre é impossível convocar jogadores em atividade no país porque o nosso calendário não costuma ter pausa na Data Fifa? Avisarão que o treinador será acusado quase sempre de convocar mais jogadores do time A porque está a fim de sacanear a equipe B, C ou D no Campeonato Brasileiro? A banda toca assim.

 

Explicarão por que o Brasil só duelou com uma seleção europeia no último ciclo — a República Tcheca — enquanto a arquirrival Argentina foi ao limite e conseguiu medir forças com duas tetracampeãs mundiais Alemanha e Itália, além da Estônia de lambuja no mesmo período?

 

Luís Castro expôs perrengues administrativos na vida de um clube. O técnico importado do Brasil precisa conhecer perrengues como comandar uma seleção que só joga em casa nas Eliminatórias para a Copa porque é obrigatório e prefere disputar amistosos na Europa, de preferência no Emirates Stadium, em Londres por força do contrato e por aí vai…

 

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