Corinthians Cantillo tenta consolar Maycon no banco de reservas: flagrante do estresse corintiano. Foto: Reprodução Victor Cantillo tenta consolar Maycon no banco de reservas: sintomas do estresse corintiano. Foto: Reprodução

Derrota para o Independiente del Valle revela um Corinthians doente dos pés à cabeça

Publicado em Esporte

Fiz uma rápida pesquisa na aba departamento de futebol profissional do Corinthians a fim de saber quem é o responsável pela psicologia na comissão técnica formada por quase 60 colaboradores. Se o site não estiver desatualizado, apurei que não há. Isso é um problemão. Em 1998, na primeira passagem de Vanderlei Luxemburgo pelo clube, o professor contava com a consultoria de Suzy Fleury. Não abria mão da saúde mental do elenco. Em momentos mais tensos, ela pacificou relacionamentos como o de Luxemburgo com Marcelinho Carioca. Bom da cabeça, o time alvinegro conquistou o Brasileirão no semestre em que o treinador acumulou as pranchetas do Corinthians e da Seleção Brasileira. Luxa foi inclusive diagnosticado com estresse agudo.

 

O Corinthians mostrou na derrota por 2 x 1 para o Independiente del Valle nesta terça-feira, na Neo Química Arena, em São Paulo, que precisa urgentemente de terapia. O time não está doente apenas dos pés. Da cabeça também. Estresse agudo. Os discursos depois da partida assustam. Maior ídolo do clube em atividade, o goleiro Cássio desabafou na zona mista: “Psicologicamente é difícil, o time está no limite já. Não tem o que falar, é ficar quieto”, desabafou.

 

O volante Maycon é um outro sintoma do estresse agudo no Corinthians. Vilão no lance do gol da vitória do Independiente del Valle, o jogador desabafou em forma de lágrimas. Chorou inconsolável no banco de reservas e na entrevista depois da partida. “É como eu falei ali, o erro foi meu, respeito demais a instituição, respeito demais o Corinthians, e claro que a gente não entra em campo para errar. Nada justifica. É pedir desculpas. Os jogadores correram muito, o time estava bem, depois do gol desestabilizou todo. Não posso isentar um erro desse. Dói, mas não tem o que falar mais”, desabafou. Victor Cantillo assumiu o papel de consolá-lo no banco.

 

Luxemburgo não é psicólogo, óbvio, mas trabalhou com profissionais como Suzy Fleury e tem sensibilidade para diagnosticar o problema. “A análise é que tenho um grupo de qualidade, mas que está para baixo pela instabilidade. Vamos crescer com o trabalho. Não existe eu perdi, nós perdemos. Agora é juntar os cacos e pensar no jogo seguinte”, ponderou o treinador.

 

A diretoria traumatizou o elenco. É quase impossível trabalhar em paz com tantas mudanças de técnico e turbulências fora das quatro linhas causadas por decisões inconsequentes da diretoria liderada pelo presidente Duílio Monteiro Alves. De 2020 para cá, o elenco foi comandado por Tiago Nunes, Vágner Mancini, Sylvinho, Vítor Pereira, Fernando Lázaro, Cuca e Vanderlei Luxemburgo. “Precisamos ter consistência, não ficar mudando toda hora”, cobrou o goleiro Cássio.

 

Beira o absurdo clubes gigantes como o Corinthians renunciarem a profissionais da psicologia do esporte. A ginasta estadunidense Simone Biles, a tenista japonesa Naomi Osaka e o surfista Bruno Medina mostraram recentemente a importância da força mental no alto rendimento. Tite recusou esse profissional em seis anos e meio de mandato na Seleção Brasileira. O torcedor raiz dirá que isso é frescura, que o time precisa é jogar bola. O divã contribuiu para que isso aconteça.  Luxemburgo está trazendo o auxiliar Mauricio Copertino e o preparador físico Antônio Mello para trabalhar com ele. Recomenda-se o acréscimo de um profissional da psicologia à folha de pagamento. Pra ontem.

 

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