Leila Dona da Crefisa tomou posse para mandato de três anos no Palmeiras. Foto: Fabio Menotti/Palmeiras Dona da Crefisa tomou posse para mandato de três anos no Palmeiras. Foto: Fabio Menotti/Palmeiras

De Patrícia Amorim a Leila Pereira: times da Série A não tinham mulher na presidência desde 2013

Publicado em Esporte

Em tempos de batalha por igualdade de gênero, a Série A do Campeonato Brasileiro acaba de dar mais uma triste demonstração de atraso e resistência ao debate. Ao assumir a Sociedade Esportiva Palmeiras nesta quarta-feira como presidente eleita, a empresária Leila Pereira quebrou um tabu de nove anos. A primeira divisão não tinha mandatária mulher desde o fim do mandato da ex-nadadora Patrícia Amorim no Flamengo. 

Em 2022, Leila Pereira será a única mulher entre os 20 presidentes dos clubes da elite do futebol brasileiro. A terceira em 30 anos. Marlene Matheus assumiu o Corinthians no período de 1991 a 1993. Patrícia Amorim comandou o Flamengo de 2010 a 2012. Agora, a proprietária da Crefisa e da Faculdade das Américas assume o Palmeiras até 2024.

Casos como o de Leila Pereira, Patrícia Amorim, Marlene Matheus, Luiza Estevão no Brasiliense, Maria Isabel Pimenta na URT de Patos de Minas, Rita de Cássia no Bangu na gestão de 2004 a 2006 são raríssimos no futebol brasileiro. Em geral, os homens continuam dando ordem nos clubes de futebol do país. Há resistência, inclusive, para oferecer cargos executivos como diretor de futebol, por exemplo. A Europa tem sido menos resistente. A Roma, por exemplo, foi comandada por Rosella Sensi. Francesca Menarini esteve à frente do Bologna. Gisela Oeri ostentou reinado no Basel da Suíça. 

Primeira mulher eleita presidente do Palmeiras, Leila Pereira nasceu em Cambuci, no Rio de Janeiro. Formada em jornalismo e direito, tem 57 anos. É casada com o também empresário e conselheiro do clube paulista José Roberto Lamacchia. Assim como Paulo Nobre, ela foi uma das principais financiadoras da recuperação alviverde depois de 2012, ano do segundo rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Na primeira entrevista depois da posse, ela falou sobre a quebra de paradigma do Palmeiras ao ter uma mulher no comando. “Eu me sinto profundamente honrada por estar neste cargo sendo mulher. Eu sempre lutei muito em minha vida, eu trabalho muito. Sou a executiva principal de todas as nossas empresas. Eu sou uma mulher que sei exatamente o que eu quero, eu nunca tenho dúvidas. Eu ouço as pessoas, claro, porque não posso decidir nada sozinha, mas eu sei o que eu quero. A partir do momento em que eu formei a minha convicção, eu vou lá e sigo. Existem homens brilhantes e mulheres brilhantes, não é questão de gênero. Quando eu quero uma coisa, eu luto até o fim, doa a quem doer”. 

Leila Pereira também deixou claro o rumo que ela pretende dar ao atual bicampeão da Libertadores no próximo triênio. “O objetivo é investir em jovens que deem retorno esportivo e financeiro, que em um futuro, se precisarmos vendê-los, retorne em investimento para o clube. O torcedor precisa entender que este é nosso objetivo, investir em reforços jovens com retorno esportivo”, discursou a dirigente alviverde.

Sucessora de Mauricio Galiotte, presidente mais vitorioso da história do clube, Leila Pereira pode iniciar o mandato com pé-direito caso o clube finalmente realize o sonho de ganhar o Mundial de Clubes da Fifa, em fevereiro, nos Emirados Árabes Unidos. Em tese, os adversários mais fortes são o Monterrey do México e o Chelsea da Inglaterra. 

“A reapresentação dos jogadores será em 05 de janeiro, já chegaram dois jogadores, mas nós estamos em busca de outros reforços. Em breve vocês saberão, o mais breve possível. Estamos a dois jogos para a conquista do bicampeonato mundial, e eu não tenho dúvida de que farei o possível e o impossível para que o mundo seja tingido de verde. Para isso, claro que estamos trabalhando em reforços, mas temos de fazer com muita responsabilidade. Não investirei um valor que eu entenda que não valha”.

Ao falar em bi mundial, Leila refere-se ao título não reconhecido da Copa Rio de 1951. O torneio foi disputada à época por Vasco, Áustria Viena, Nacional, Sporting, Juventus, Nice, Palmeiras e Estrela Vermelha. Na decisão do título, o Palmeiras superou a Juventus na decisão disputada no Maracanã. 

 

Siga no Twitter: @marcospaulolima

Siga no Instagram: @marcospaulolimadf