De Antetokounmpo a Hulk: Atlético-MG pode, enfim, ter seu dia de Milwaukee Bucks

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Milwaukee Bucks encerrou jejum de 50 anos em julho e conquistou a NBA. Foto: Facebook

 

Há quatro meses, o Milwaukee Bucks encerrava 50 anos de jejum e conquistava a NBA, a liga norte-americana profissional de basquete, pela segunda vez. Chegava ao fim meio século de espera para 18 mil privilegiados torcedores presentes no Fiserv Forum e uma multidão do lado de fora da arena à espera do triunfo contra o Phoenix Suns. Até então, o único título da franquia havia sido em 1971. Qualquer semelhança com o Atlético-MG é mera coincidência.

Símbolo do fim do jejum, o ala-pivô grego Giannis Antetokounmpo devolveu o Bucks ao topo. Até então, a única glória tinha a assinatura de Kareem Abdul-Jabar, que, à época, ainda usava o nome de Ferdinand Lewis Alcindo Jr. O feito extraordinário testemunhado nos Estados Unidos pode ser igualado na noite desta quinta-feira pelo Galo, na Arena Fonte Nova, em Salvador.

Campeão do Brasileirão pela única vez em 1971, o Atlético-MG está a dois pontos do bi. Basta vencer o Bahia, às 18h, para, assim como o Bucks, tirar uma fardo de 50 anos das costas. A massa não conta com um deus grego como  Antetokounmpo no elenco, mas tem um super-herói para chamar de seu. Artilheiro isolado do Brasileirão com 17 gols e sete assistências, Givanildo Vieira de Sousa, o Hulk, é o candidato a MVP de uma temporada não menos homérica com a camisa do Galo.

Hulk nem bem chegou e pode brindar o Atlético-MG com uma tríplice coroa. O time ganhou o Campeonato Mineiro no primeiro semestre. No segundo, está com a mão na taça do Brasileirão e na final da Copa do Brasil contra o Athletico-PR. Ao que parece, o ano da graça não somente chegou como poderia ter sido ainda melhor se não fosse a eliminação na semi da Libertadores.

Há semelhança com o Milwaukee Bucks, mas também com o poderoso Chelsea. O clube londrino também ficou 50 anos na fila no Campeonato Inglês. O time havia sido campeão na temporada de 1954/1955. Reconquistou o troféu meio século depois, em 2004/2005 sob a batuta do Special One José Mourinho. Em abstinência desde 1971, o clube mineiro pode repetir o feito do Chelsea usando um método semelhante ao que levou os Blues a saírem da fila.

O investimento do magnata russo Roman Abramovich mudou a história do Chelsea da água para o vinho. Graças a ele, o time passou a ter nomes como Petr Cech, Ricardo Carvalho, Frank Lampard, Joe Cole, Didier Drogba e Arjen Robben, por exemplo. José Mourinho havia acabado de conduzir um modesto Porto para a realidade da época ao título da Champions League.  Coube a esses caras colocar um ponto final no jejum e colocarem seus nomes na história do Chelsea.

O Atlético-MG está prestes a canonizar o não menos especial Alexis Stival, o Cuca, e liderados imprescindíveis como Nacho Fernández, Hulk, Diego Costa, Zaracho, Eduardo Vargas, Everson, Keno e companhia. Parte do elenco é um legado de Jorge Sampaoli, mas Cuca soube usá-lo.

Há mais links entre o fim das secas de dois clubes gigantes. O Chelsea encerrou 50 anos de jejum implodindo, talvez, o maior Arsenal de todos os tempos. Os Gunners defendiam o título conquistado de maneira invicta na temporada 2003/2004 às ordens de Arsène Wenger. O Chelsea encerrou a Premier League de 2004/2005 com incríveis 95 pontos contra 83 do Arsenal. Simplesmente 12 pontos de vantagem.

O Atlético-MG caminha para quebrar as hegemonias de Flamengo (2020 e 2019) e Palmeiras (2018). Não é pouco. Antes de enfrentar o Bahia, o Galo tem oito pontos à frente do rival rubro-negro – único capaz de superá-lo. Quinze a mais do que o ex-concorrente Palmeiras. Se derrotar o Bahia, abrirá 11 em relação ao rubro-negra carioca. Campanha irretocável. Um roteiro de filme que só quem viveu inverno tão longo e rigoroso, como Milwaukee Bucks e Chelsea, assinariam.

 

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