54174995628_ff38419c80_c Luiz Henrique abriu o placar e comemorou com a galera no Monumental de Núñez. Foto: Vitor Silva/Botafogo Luiz Henrique abriu o placar e comemorou com a galera no Monumental de Núñez. Foto: Vitor Silva/Botafogo

Da magia do número mítico à aula tática do Botafogo campeão da América

Publicado em Esporte

O Botafogo é campeão inédito da Libertadores com a benção de dois números míticos na história do clube. Autor do primeiro gol na vitória por 2 x 1 contra o Atlético-MG no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, Luiz Henrique balançou a rede com a camisa 7 eternizada por Mané Garrincha. Alex Telles converteu a cobrança de pênalti estampando a 13 de outro ídolo alvinegro — o centroavante uruguaio Loco Abreu.

 

O título vai além da perfeita combinação numerológica. Tem influência da frieza de um técnico europeu. Artur Jorge foi simplesmente perfeito taticamente na partida mais importante da carreira dele. A expulsão do volante Gregore aos 64 segundo do jogo em Buenos Aires não intimidou o treinador. A impressão foi de que estava no script dele.

 

Artur Jorge deu a impressão de que agiria como o compatriota José Mourinho naquele duelo da Internazionale com o Barcelona nas semifinais da Champions League de 2010, quanto perdeu justamente o volante Thiago Motta por expulsão. A defesa se comportou parecida com a daquela Inter, mas o ataque foi autoral, com a assinatura de Artur Jorge.

 

O treinador lusitano não trocou jogadores. Moveu apenas as peças de lugar no tabuleiro. A defesa passou a se defender com uma linha de seis jogadores: Luiz Henrique, como se fosse o Samuel Eto’o daquela Internazionale de José Mourinho, e Marlon Freitas juntaram-se ao quarteto formado por Vitinho, Adryelson, Aleksander Barboza e Alex Telles em um cinturão à frente da área defendida pelo goleiro John. Thiago Almada, Savarino e Igor Jesus posicionavam-se intencionalmente à frente do sexteto.

 

A solução foi rápida e inteligente devido ao estilo de jogo previsível do Galo. O Atlético-MG de Gabriel Milito prioriza a amplitude do campo, as ações ofensivas pelo lado do gramado, mas tem repertório pobre pelo meio. Artur Jorge sabia que seria pouco incomodado pelo centro. Em contrapartida, necessitaria proteger muito bem as laterais.

 

Não somente conseguiu defender-se como agrediu. O primeiro gol é uma daquelas pinturas para assistir a primeira vez e retroceder outras tantas para rever com carinho a troca de passes pelo lado esquerdo até a conclusão de Luiz Henrique. Uma obra-prima assinada com as participações do maestro Almada e do volante Marlon Freitas.

 

A valentia do Botafogo foi novamente premiada por uma lambança do goleiro Everton. Saiu desnecessariamente do gol para dividir a bola com Luiz Henrique e cometeu pênalti juvenil. Tal como Loco Abreu no título carioca de 2010 contra o Flamengo, o camisa 13 Alex Telles assumiu a responsabilidade e colocou na súmula outro número mítico do Glorioso.

 

Gabriel Milito foi corajoso até demais na volta para o segundo tempo. Errou ao tirar Scarpa. Eduardo Vargas entrou bem e diminuiu o placar com um belíssima cabeçada depois da cobrança de escanteio de Hulk, porém Scarpa deveria ter sido deslocado da ala-direita para o meio a fim de dar mais opções de jogada pelo centro ao time carioca.

 

A pressão do Galo durou pouco porque Artur Jorge novamente agiu com excelência tática ao fazer o Atlético provar do próprio veneno. O Botafogo passou a usar três zagueiros com a entrada de Danilo Barbosa no lugar de Savarino para formar três torres ao lado de Adryelson e de Aleksander Barboza. O Atlético voltou a ter dificuldades para finalizar.

 

Faltava o gol do artilheiro. Protagonista do Botafogo desde a largada na Pré-Libertadores, Júnior Santos disparou na artilharia, mas sofreu lesão, perdeu espaço, perdeu a posição para Igor Jesus, mas soube se acomodar pacientemente no banco de reservas e esperar o momento dele. Chegou nos acréscimos. Fez 3 x 1, chegou aos 10 gols e consolidou-se como artilheiro isolado da Libertadores de 2024.

 

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