Não faz tanto tempo assim… Há seis anos, Atlético-MG e Cruzeiro monopolizavam a audiência do futebol brasileiro na final da Copa do Brasil. Provavelmente, o auge da histórica rivalidade. Se houve a Supercopa à época, os dois times também seriam protagonistas da decisão. Em 2014, o time celeste conquistou o bicampeonato brasileiro em edições consecutivas. Minas Gerais arrematou tudo.
O cenário neste início de 2020 é assustador. Rebaixado para a segunda divisão no ano passado, o Cruzeiro perdeu para a Tombense no Campeonato Mineiro. Nem a folia pela chegada do centroavante Marcelo Moreno foi capaz de pilhar o elenco comandado por Adilson Batista. O processo de reconstrução após as revelações de ilegalidades político-administrativas vindas à tona pela excelente reportagem dos colegas Rodrigo Capelo e Gabriela Moreira; e o vexame esportivo na Série A; é compreensível. O quinto lugar no Campeonato Mineiro, não.
Mesmo quebrado, o Cruzeiro conquistou o bicampeonato da Copa do Brasil em 2017 e 2018. Nem a competição mais rentável do país minimizou a crise financeira do time celeste. Está claro que o time para a disputa da Série B não será o mesmo do Mineiro. Marcelo Moreno é o primeiro indicativo de que haverá um time mais competitivo do que o do duelo com o São Raimundo de Roraima na primeira fase do mata-mata nacional ao empatar por 2 x 2, em Boa Vista.
Segundo maior devedor da União segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) em reportagem publicada na última quinta-feira pelo Valor Econômico, o Atlético-MG conseguiu ser eliminado na primeira fase da Copa Sul-Americana pela segunda vez em três anos. Caiu contra o San Lorenzo em 2018, quando o presidente Sérgio Sette Câmara menosprezou a competição ao chama-la de segunda divisão da Copa Libertadores da América. Não passaria impune. No ano passado, fracassou nas semifinais contra o Colón da Argentina. Nesta edição, jogou como nunca na partida de volta, mas caiu novamente na primeira fase diante do Unión Santa Fé no Independência, em Belo Horizonte.
Com o sucesso recente de Jorge Jesus e Jorge Sampaoli no futebol brasileiro, alguns cartolas passaram a reduzir o debate sobre seus times à nacionalidade do treinador. O Cruzeiro investiu recentemente no português Paulo Bento. Não deu certo. O Atlético-MG teve experiência com o uruguaio Diego Aguirre e agora aposta no venezuelano Rafael Dudamel.
Ao que parece, Atlético-MG e Cruzeiro deixaram de surfar na onda da final da Copa do Brasil de 2014 porque passaram a servir a interesses políticos. O ex-presidente Alexandre Khalil virou prefeito de Belo Horizonte depois das conquistas da Libertadores, Recopa e Copa do Brasil. O Cruzeiro foi saqueado por alguns dirigentes sem um pingo de vergonha na cara antes, durante e depois da era dourada marcada por dois títulos do Brasileirão e outros dois da Copa do Brasil. Ambos são menos competitivos. Impossível apostar no Galo campeão do Brasileirão. Incerto bancar o Cruzeiro favorito à conquista da Série B. Lamentavelmente, é tempo de vacas magras no futebol mineiro.
Siga o blogueiro no Twitter: @mplimaDF
Siga o blogueiro no Instagram: @marcospaul0lima
Siga o blog no Facebook: https://www.facebook.com/dribledecorpo/20