Não basta ser jogador de outro patamar. Não basta vestir a camisa de um clube que está em outro patamar nas últimas duas temporadas. Não basta conquistar títulos de outro patamar. É preciso ter postura, comportamento humano, conduta de outro patamar.
Gabriel Barbosa tem 70 gols e 23 assistências em 101 jogos com a camisa do Flamengo. Bruno Henrique coleciona 56 bolas na rede e 27 passes decisivos em 115 exibições. Ambos são protagonistas da série de sete títulos em duas temporadas, mas em pelo menos dois episódios perderam a noção do que é ser ídolo de uma “nação” com 40 milhões de torcedores e, principalmente, da responsabilidade social como cidadãos.
Há um ano, Bruno Henrique era parado em blitz na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e apresentava carteira de habilitação falsa aos agentes. Na época, o atacante recusou-se a realizar o teste de bafômetro para aferir se havia presença de álcool no sangue. O jogador foi multado e levado para a 16ª Delegacia de Polícia do Rio.
Um ano depois, o pivô da polêmica fora das quatro linhas é Gabriel Barbosa. Na madrugada deste domingo, o jogador foi flagrado pela Polícia Civil em cassino clandestino na Vila Olímpia, Zona Sul de São Paulo. Havia aglomeração de 300 pessoas. Aproveitava na hora e lugar errado o último dia do recesso dado pelo Flamengo ao elenco principal depois da conquista do bicampeonato brasileiro. Definitivamente não é postura de um jogador de outro patamar, cotado inclusive para defender a Seleção Brasileira na Copa do Qatar-2022.
Em entrevista ao colega Eric Faria da tevê Globo, Gabigol teve o comportamento padrão de quem insiste em dar um jeitinho de driblar regras drásticas impostas pela pandemia. “Não tenho costume de ir a cassino, a única coisa que eu faço é jogar videogame. Estava com meus amigos, fomos comer. Quando estava indo embora, a polícia chegou mandando todo mundo ir para o chão. Faltou sensibilidade da minha parte”, disse ao Fantástico.
Ao blog do colega Mauro Cezar Pereira, o vice-presidente jurídico do Flamengo descartou a possibilidade de multar Gabigol. “Isso é assunto pessoal dele. Não viola qualquer vínculo contratual com o Flamengo. Aguardamos Gabriel na representação e torcemos que tenha um grande de ano”, bancou Rodrigo Dunshee de Abranches. Desconhecemos as cláusulas do contrato do Flamengo com Gabigol, principalmente no que diz respeito a direitos de imagem. O jogador estava de folga, porém, obviamente, é citado como jogador do Flamengo.
Gabigol assumiu o erro porque a operação policial o flagrou na festa em um cassino clandestino. Não fosse isso, ele se reapresentaria caladinho, no Ninho do Urubu, arriscando contaminar os demais companheiros que, assim como ele, retornam do recesso. Afinal, o atacante estava aglomerado, em São Paulo, na véspera da volta ao trabalho.
Decisões administrativas à parte, o Flamengo precisa tomar cuidado nos “mimos” a Gabigol. Um clube de outro patamar precisa cobrar atitudes de outro patamar. Gabigol deu xilique com o técnico Domènec Torrent na temporada passada. Houve ruído também no relacionamento com Rogério Ceni. Ótimo bombeiro, Marcos Braz entrou em cena mais de uma vez e apagou os princípios de incêndio.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos…
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