FBL-2021-COPA AMERICA-ARG-BRA Argentina's Lionel Messi holds the trophy as he celebrates on the podium with teammates after winning the Conmebol 2021 Copa America football tournament final match against Brazil at Maracana Stadium in Rio de Janeiro, Brazil, on July 10, 2021. - Argentina won 1-0. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP)

D10S, o Ángel da guarda de Messi e o perrengue no meio de campo do Brasil

Publicado em Esporte
Messi exibe a primeira conquista pela seleção principal da Argentina: Foto: Nelson Almeida/AFP


Uma das virtudes das últimas três seleções campeãs da Copa do Mundo era o controle do jogo no meio de campo. A Espanha tinha Busquets, Xavi e Iniesta na Copa da África do Sul, em 2010. A Alemanha contava com o par perfeito formado por Schweinsteiger e Toni Kroos no tetra, em 2014. Kanté e Pogba faziam a engrenagem da França funcionar na conquista do bi em 2018, na Rússia. Os finalistas da Euro neste domingo também são assim. A Itália raciocina  com Barella, Jorginho e Verratti. A Inglaterra pensa com as mentes de Rice, Phillips e Mount.

Tite conseguiu achar seu meio de campo logo que assumiu a Seleção. Casemiro, Paulinho e Renato Augusto ditaram o ritmo do Brasil nas Eliminatórias para o Mundial da Rússia. Houve mais de uma exibição de gala graças a eles. 1 Bastou o meio de campo dos sonhos do técnico perder uma peça — Renato Augusto chegou à Copa lesionado — para o Brasil ter muitas dificuldades para remontar o setor. Três anos depois, Tite não tem mais Paulinho nem Renato Augusto. Sofre horrores com isso. Pior do que não achar reposições à ideia fixa, é não reinventar o setor. Casemiro está abandonado à espera de novos companheiros. Eis um dos motivos da derrota para a final da Copa América para a Argentina neste sábado, no Maracanã.

O técnico Lionel Scaloni encerrou o jejum de 28 anos da Argentina explorando justamente o ponto frágil do Brasil: o meio de campo. De Paul controlou os pensamentos não somente da Argentina, mas também do Brasil. Que partida do volante da Udinese. Di María fez o golaço do título depois de um lançamento dele e falha grave de Renan Lodi porque a Argentina ganhou o meio de campo. Não adianta ter uma defesa segura e um fora de série como Neymar se a bola não for distribuída como qualidade onde realmente se ganham os jogos no futebol moderno.

O Brasil paga caro por um vício. Passou a formar extremos, os antigos pontas, em série. Basta observar a montagem do elenco para a Copa América. Neymar, Richarlison, Vinicius Junior, Everton Cebolinha e Everton Ribeiro são jogadores de lado do campo. Lucas Paquetá, um dos destaques do torneio, é peça rara para o meio de campo. Mas Tite parece não ter encontrado o novo Paulinho e, principalmente, um novo Renato Augusto para chamar de seu. Ou ele desapega de 2018 ou fracassará novamente daqui a pouco mais de um ano, no Catar.

Graças ao erro de Lodi, à falta de imaginação no meio de campo e às exibições de gala de De Paul e Di María, o Brasil despertou dois gigantes. A motivação da Argentina na Copa será outra. Tão favoritos quanto o Brasil em qualquer Mundial, os hermanos estão mais leves. Sem o fardo que carregavam desde 1993, ano que representava o marco do início do jejum.

Oito meses depois da morte de Diego Armando Maradona, D10S parece ter apontado o dedo para o cara que libertaria o sucessor Messi da maldição de jamais ter conquistado nada com a camisa principal da Argentina. Com o perdão do trocadilho, coube ao Ángel da guarda Di María o papel de finalmente fazer um país se render ao jogador eleito seis vezes melhor do mundo. Com quatro gols e cinco assistências na Copa América, Messi finalmente tem um título para chamar de seu. Contra o Brasil. No Maracanã. Mais do que merecido.

 

Siga no Twitter: @mplimaDF

Siga no Instagram: @marcospaulolimadf