54286923851_6144e248ac_c O Cruzeiro empilha figurões no elenco e tenta formar um time a toque de caixa. Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro O Cruzeiro empilha figurões no elenco e tenta formar um time a toque de caixa. Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Cruzeiro precisa aprender com os equívocos do projeto esportivo do PSG

Publicado em Esporte

O Cruzeiro precisa aprender com os equívocos do projeto esportivo do Paris Saint-Germain para não cometer os mesmos erros do clube francês. O empresário Pedro Lourenço é um apaixonado pelo time celeste, está disposto a fazer o que pode — e não pode — pelo sucesso imediato da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), mas necessita encontrar o equilíbrio entre paixão e razão na tomada das decisões.

 

O projeto da Qatar Sports Investment (QSI) ao assumir o PSG era usar o clube como propaganda do país localizado no Oriente Médio. O plano demandava a contratação de jogadores relevantes no mercado da bola. Até a Copa de 2022, o clube contratou figurões como Lucas Moura, Neymar, Kylian Mbappé, Lionel Messi, Zlatan Ibrahimovic, David Beckham, Edinson Cavani, Angel Di Maria, Keylor Navas, Thiago Silva, David Luiz, Marquinhos, Marco Verratti, Donnarumma, Gianluigi Buffon, Daniel Alves e tantos outros.

 

Uma das diretrizes de Leonardo, Luís Campos e outros diretores esportivos nomeados para comandar o processo era contratar referências de potências da Europa e de fora do Velho Continente a fim de transformá-las na cara do projeto do projeto do PSG. Em diferentes épocas, David Beckham deixou o Los Angeles Galaxy. Ibrahimovic saiu do Milan. Neymar deu as costas ao Barcelona. Mbappé desistiu do Monaco, Messi deu adeus ao Barcelona.

 

Além da propaganda do Qatar, esses e outros investimentos tinham como principal meta esportiva a conquista da Liga dos Campeões da Europa. O PSG chegou à final pela primeira vez em 2020, mas perdeu a final para o Bayern de Munique no Estádio da Luz, em Lisboa.

 

Malsucedido no âmbito continental, o projeto se impôs no Campeonato Francês. O PSG saltou de dois títulos na Ligue 1 para 12. Quebrou o recorde de 10 conquistas do Saint-Étienne e do Olympique de Marselha e estabeleceu nova dinastia na competição nacional.

 

O desafio de Pedro Lourenço, Alexandre Mattos e Paulo Pelaipe é encontrar o ponto de equilíbrio entre o investimento em reforços badalados, como fez o PSG, e a entrega de títulos. Guardadas as devidas proporções, o Cruzeiro tirou Cássio e Fágner do Corinthians, buscou Gabriel Barbosa no Flamengo após o término do contrato, pagou para tirar Fabrício Bruno do elenco rubro-negro, pinçou Dudu no Palmeiras e entregou a constelação nas mãos do técnico Fernando Diniz. O treinador foi demitido no início da semana.

 

Um dos problemas do projeto do PSG é troca de comando, a insegurança no banco. Carlo Ancelotti, Laurent Blanc, Unai Emery, Thomas Tuchel, Mauricio Pochettino, Christophe Galtier e Luis Enrique não mudaram o patamar do clube francês. Tuchel foi quem esteve mais próximo de entregar o cobiçado acesso à sala de troféus da Champions League.

 

A pressa para bater metas prejudicou o PSG e desafia o Cruzeiro a não repetir este erro.  Sem técnico depois de demitir Fernando Diniz, o time mira em profissionais como o excelente Leonardo Jardim. Nascido na venezuela, mas radicado em Portugal, onde desenvolveu a carreira, ele foi protagonista de um excelente trabalho no Monaco na conquista do Campeonato Francês em 2016/2017. No entanto, demandou o tempo: cinco anos de trabalho até desbancar justamente o PSG liderado à época por Unai Emery.

 

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