Tiago Nunes x Vanderlei Luxemburgo. Fotos: Rodrigo Coca/Agência Corinthians e Cesar Grecco/Palmeiras Tiago Nunes x Vanderlei Luxemburgo. Fotos: Rodrigo Coca/Agência Corinthians e Cesar Grecco/Palmeiras

Corinthians x Palmeiras: dérbi testa resistência do carrasco de Jesus na Copa do Brasil; e reinvenção do maior crítico do português no país

Publicado em Esporte

A saída de cena de Jorge Jesus desafia os técnicos brasileiros a preencher a lacuna deixada pelo ex-técnico do Flamengo. Nada como um clássico entre Corinthians e Palmeiras para observar, avaliar e debater as ideias de Tiago Nunes e Vanderlei Luxemburgo na retomada do Campeonato Paulista depois da paralisação imposta pela pandemia do novo coronavírus. O deserto de ideias no futebol nacional exige bem mais do que orgulho de ter freado o time do português e a prepotência, arrogância ou até mesmo xenofobia de quem tanto atacou o estrangeiro.

Tiago Nunes está na seleta prateleira dos carrascos brasileiros de Jorge Jesus – o outro é Odair Hellmann, algoz do lusitano na final da Taça Rio.  Tiago Nunes eliminou o Flamengo da Copa do Brasil nas quartas de final da edição passada, no Maracanã, no início da trajetória do gringo em solo tupiniquim. Era o terceiro jogo do patrício no cargo. Houve empate no placar agregado (2 x 2) e deu Furacão nos pênaltis (3 x 1). O atual comandante do Corinthians encantou nas conquistas da Copa do Brasil (2019) e Sul-Americana (2018), mas entrará na Arena pressionado. Pode até perder o emprego se perder e der adeus precocemente ao Estadual na primeira fase.

Seria um vexame para quem desembarcou em São Paulo com carta branca para revolucionar o futebol do Corinthians. O técnico comprou briga com Ralf. Dispensou um dos símbolos da era dourada do clube. Em contrapartida, ainda não fez o time evoluir. Falta achar, por exemplo, um lugar para Luan, o principal reforço da temporada. O elenco é limitadíssimo, óbvio, mas Tiago Nunes teve tempo de sobra para repensar, reinventar-se taticamente e aplicar as ideias.

O jovem treinador é uma das apostas da nova geração, mas um possível fracasso no Corinthians pode abalar a cotação de Tiago Nunes na “bolsa de valores” dos técnicos brasileiros. Andrés Sanchez não é de mandar técnico embora. Porém, a pressão política e a grave crise financeira do clube podem tornar a situação insustentável. Para piorar, o técnico não contará com Jô.

Do outro lado, Vanderlei Luxemburgo, crítico de Jorge Jesus da chegada à saída do português do Brasil, precisa pedir substituição, tirar de campo a arrogância, a prepotência e colocar no Palmeiras pitadas de bom futebol no Palmeiras para driblar a burocracia. O alviverde não encantou antes da pandemia. Venceu, mas não convenceu. O time não encaixou com Dudu no papel de meia atrás do trio de atacantes formado por Rony, Willian e Luiz Adriano.

Dudu se mandou para o Al-Duhail do Qatar. Com isso, Luxemburgo terá, obrigatoriamente, de reprogramar o time que vinha sendo pensado durante os mais de 100 dias de paralisação do futebol. Teve tempo de sobra para pensar e repensar. Só não contava com a crise de Dudu.

Luxemburgo ressuscitou a motivação pessoal naquele frenético empate por 4 x 4 entre Vasco e Flamengo no segundo turno do Paulistão do ano passado. Mostrou ao mercado que ainda tem muita lenha para queimar, mas não para continuar vivendo daquele 4 x 4. Passou da hora do professor depreciar menos o trabalho de colegas como Jesus e Sampaoli, e ressignificar a carreira reconhecidamente vitoriosa. Portanto, nada como um clássico ao vivo contra o Corinthians para reconquistar admiradores daquele futebol bem jogado por Santos (2004). Cruzeiro (2003), Corinthians (1998) e Palmeiras (1993, 1994 e 1996). Faz tempo, hein?! Não basta ser de vanguarda. É preciso dar um F5 na carreira de vez em quando.

 

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