O Corinthians pode conquistar nesta quarta-feira seu décimo título nacional de ponta — é hexacampeão no Campeonato Brasileiro e tricampeão na Copa do Brasil — sob o comando de um auxiliar que virou técnico e deu certo. Aos 44 anos, Fábio Carille tem tudo para brindar o clube paulista com o heptacampeonato antecipado na Série A no duelo contra o Fluminense, em Itaquera. Ele igualaria os feitos de Eduardo Amorim, campeão da Copa do Brasil em 1995; e Oswaldo de Oliveira, protagonista do tri na Série A de 1999.
Dos 10 títulos nacionais de ponta do Corinthians, ou seja, sem contar a Série B de 2008, dois tiveram o dedo de ex-assistentes. Na temporada de 1995, Eduardo Amorim herdou a prancheta de Mário Sérgio Ponte de Paiva. No ano anterior, chegou a assumir o Timão interinamente antes da chegada de Carlos Alberto Silva. Quando foi efetivado, levou o alvinegro ao título inédito da Copa do Brasil de 1995. Derrotou o Grêmio na finalíssima. Antes, levou o time à conquista do Campeonato Paulista diante do arquirrival Palmeiras.
Em entrevista recente ao site da Gazeta Esportiva, Eduardo Amorim recordou as dificuldades para convencer a diretoria e a torcida de que tinha capacidade para comandar o Corinthians. “Teve contestação no início, no meio e lá na reta final da Copa do Brasil teve uma pressão muito grande. No clube, o pessoal falava: ‘Ele não tem experiência para chegar à final da Copa do Brasil’. Teve esse zum-zum-zum, e eu fiquei sabendo. Era antes da semifinal da Copa do Brasil. Cheguei para os jogadores e falei que precisávamos ganhar. Fomos ao Rio, ganhamos do Vasco por 1 x 0, voltamos e goleamos por 5 x 0. Foi aí que me respeitaram. Já tinha feito algumas coisas, mas isso eu ouvi na época, não entendia por que e tive de lidar. Como sempre, tem que ganhar e convencer, ganhar jogo grande”, disse o mineiro de Montes Claros.
Campeão brasileiro em 1998 como auxiliar de Vanderlei Luxemburgo, Oswaldo de Oliveira assumiu o Corinthians em 1999 depois que o mestre passou a trabalhar exclusivamente na Seleção Brasileira. Deu certo. Efetivado, conquistou o Campeonato Paulista e o Brasileirão no mesmo ano. No Estadual, superou o Palmeiras. Na Série A, bateu o Atlético-MG. No início do ano 2000, conquistou o primeiro Mundial de Clubes da Fifa ao bater o Vasco na decisão.
O desempenho de Fábio Carille em 2017 lembra as trajetórias de Eduardo Amorim e de Oswaldo de Oliveira. O atual comandante do Corinthians tinha apenas quatro jogos de experiência quando foi efetivado no cargo. Dois antes da chegada de Tite em 2010 e outros dois antes da contratação de Cristóvão Borges. Era o plano D da diretoria no início desta temporada. O clube sonhou com Reinaldo Rueda, Guto Ferreira e Dorival Júnior. Ouviu não de todos eles e aí, sim, o presidente Roberto de Andrade valorizou a solução caseira.
Fábio Carille conquistou o Campeonato Paulista em cima da Ponte Preta. Foi o mentor da melhor campanha de um time em um turno do Campeonato Brasileiro ao concluir a primeira metade da Série A de forma invicta e com exibições de gala, como aquela vitória por 2 x 0 sobre o Palmeiras, no Allianz Parque. Nesta quarta-feira, o discípulo de Mano Menezes e de Tite tem tudo para provar, mais uma vez, que está saindo definitivamente da sombra de dois dos melhores técnicos do futebol brasileiro. É mais um auxiliar que virou técnico. E deu certo!
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