Os trabalhos de excelência do técnico Vanderlei Luxemburgo foram marcados por uma premissa: liberdade para o meia criativo, o maestro do time, o cabeça dos maus feitos, o cara responsável por abrir o saco de maldades e desconstruir os adversários taticamente. Renato Augusto assumiu esse papel na vitória contra o São Paulo por 2 x 1 no primeiro jogo da série pela semifinal da Copa do Brasil.
Luxemburgo tinha Alex na única conquista da carreira na Copa do Brasil. O camisa 10 atuava à frente dos volantes Augusto Recife, Jardel (depois Maldonado) e Wendell no sistema 4-3-1-2. Era o arco e às vezes flecha para abastecer Deivid (depois Mota) e Aristizábal.
Alex fez da vida do Flamengo e dos demais adversários um inferno na Tríplice Coroa de 2003. Na final da Copa do Brasil, marcou até gol de letra, no Maracanã, na primeira partida da decisão. Destruiu o time rubro-negro de Nelsinho Baptista na ida e na volta. O técnico também fez de Ricardinho o mentor do time no Corinthians campeão brasileiro em 1998; e no Santos vencedor da Série A em 2004 na segunda edição no formato de pontos corridos.
Renato Augusto é desses. Encaixa perfeitamente no velho repertório do comandante alvinegro. Com liberdade, então, nem se fala. Assim como o Alex dos tempos do Cruzeiro, Renato Augusto tinha três volantes atrás dele: Ruan Oliveira, Fausto Vera e Maycon; e dois atacantes à frente: Róger Guedes e Yuri Alberto.
O primeiro gol de Renato Augusto é Renato Augusto puro. Na essência. Livre, leve e solto no 4-3-1-2 de Luxemburgo, ele levou a bola para onde quis depois de recebê-la de Maycon e abriu o placar. Belíssimo gol.
Na etapa final, agora em 4-4-1-1 depois da entrada de Adson, a inteligência acima da média de Renato Augusto atraiu a marcação do São Paulo para o lado direito do campo, esquerda da defesa tricolor. Acionado milimetricamente pelo zagueiro Murillo (que lançamento!), ele ainda viu Caio Paulista cometer erro gravíssimo na marcação ao deixar o craque às costas dele. Renato Augusto dominou a bola com a categoria alemã de quem foi lapidado no Bayer Leverkusen e decretou o triunfo alvinegro na Neo Química Arena.
Está decidido? De jeito nenhum! O Corinthians manteve o tabu de não perder para o rival São Paulo, em Itaquera. Leva a vantagem do empate para o Morumbi. O pilhado Luciano chegou a empatar a partida para o tricolor. No entanto, o atacante se perdeu. Exagerou na dose da comemoração. Levou cartão amarelo e está fora do duelo de volta. Terrível levando-se em conta a contusão de Calleri.
Não precisava ter chutado a bandeira de escanteio alvinegra. Algum torcedor tricolor gostou quando Diego comemorou gol do Santos em cima do escudo do São Paulo no Brasileirão de 2003? Quem lembra sabe: o volante Fábio Simplício tomou satisfação e o tempo fechou naquele dia, no Morumbi. Que haja paz e um jogo melhor do que foi o primeiro tempo desta terça na partida de volta.
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