A sensação no Campeonato Brasileiro é de que toda rodada tem um time bugado resetando a temporada. Neste sábado, os seis passaram essa impressão. Fica até difícil, quase impossível, cobrar futebol, resultado, desempenho, evolução, reação, briga por vaga para a Libertadores, título… O empate por 1 x 1 entre Corinthians e Flamengo, na Neo Química Arena, teve dois treinadores, um deles interino, há 10 dias no cargo. Vou soletrar: d-e-z-d-i-a-s-n-o-c-a-r-g-o. Os dois clubes resumem um país do futebol viciado em recomeços. Os dois times mais populares estão começando do zero no mês de outubro!
Quem esperava alguma coisa do sábado à noite, na Neo Química Arena, ficou frustrado, O empate por 1 x 1 foi justo na Neo Química Arena. O Flamengo foi um pouquinho melhor. Fez um golaço com Gerson, o melhor em campo ao lado de Éverton Ribeiro, e cedeu um pênalti acidental com o toque da bola no braço do zagueiro Léo Pereira. Fábio Santos desafiou pela primeira vez o goleiro Agustín Rossi em uma cobrança de pênalti. O argentino foi na bola, porém o lateral cobrou com força. Indefensável para ele.
Foi só. Corinthians e Flamengo entregaram futebol de início de temporada. Erros de passe tenebrosos, espaços sobrando no campo, trocação de ataques no fim da partida muito mais na base da emoção do que da imaginação e um resultado tenebroso para ambos. O time paulista está quatro pontos à frente da zona do rebaixamento. O carioca pode ir para a pausa da Data Fifa em sexto lugar se o Fluminense derrotar o Botafogo no Maracanã.
Os outros dois jogos deste sábado também são uma síntese do Brasileirão viciado em começar de novo. A vitória maluca do Bahia contra o Goiás por 6 x 4 foi divertida, mas expõe erros de trabalhos muito recentes. Armando Evangelista comanda o time alviverde há três meses e 16 dias. Rogério Ceni acumula 29 dias no cargo. Como cobrar algo deles?
Dorival Júnior é ponto fora da curva. Ele faz muito em pouquíssimo tempo. Assumiu o cargo há cinco meses e 18 dias. Já deu tempo de conquistar a Copa do Brasil contra o Flamengo, chegar às quartas de final da Copa Sul-Americana e afastar o tricolor da zona do rebaixamento. Mesmo assim, deu pinta de recomeço no empate sem gols com o Vasco.
A escalação inicial mostrou uma busca por algo diferente para 2024. Havia o encaixe de James Rodríguez centralizado ao lado de Wellington Rato e de Rodrigo Nestor e Lucas Moura na função do centroavante Calleri como falso nove. No mínimo interessante.
Do outro lado, Ramón Díaz está na fase de bombeiro. A sirene da viatura segue ligada e a escada Magirus tenta resgatar um time em situação de risco. A zona de rebaixamento insiste em travar o Vasco, puxá-lo para baixo. Dá para esperar milagre de um técnico há dois meses e 21 dias no emprego? Haja problema para consertar em tão pouco tempo. Como raros torcedores são racionais, a maioria xinga o técnico e faz cobranças duras — e muitas vezes injustas. Houve protestos pacíficos da torcida, em São Januário.
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