Marcelo Bielsa é um privilegiado. Qual seleção da Copa América nos Estados Unidos se dá ao luxo de contar no plantel com Arrascaeta, De La Cruz, Valverde e Bentancur. O técnico argentino do Uruguai teria um meio de campo dos sonhos se usasses todos ao mesmo tempo, mas El Loco costuma colocar dois em campo e dois sentadinhos no banco de reservas.
Arrascaeta e Valverde iniciaram a partida na vitória por 3 x 1 contra o Panamá no Estádio Hard Rock, em Miami, na Flórida. De La Cruz e Bentancur entraram na etapa final justamente nas vagas de Arrascaeta e de Valverde, respectivamente. O Brasil, por exemplo, só tem Lucas Paquetá para o setor. A Argentina recua Messi ao papel de enganche. Nem mesmo na Eurocopa se vê tantos meias de qualidade em uma mesma seleção. A Espanha é a mais próxima disso ao desfrutar dos pensadores Pedri, Rodri e Fabián Ruiz.
Ao contrário de Tite no Flamengo, Marcelo Bielsa não faz questão de arrumar espaço para Arrascaeta e De La Cruz no meio do campo do Uruguaio ao mesmo tempo. É um ou outro. Arrascaeta iniciou a partida centralizado no papel de enganche no sistema 4-2-3-1. Tinha Pellistri ao lado direito e Maxmiliano Araújo na esquerda. Atrás deles, o par de volantes formado por Valverde e Ugarte. Na frente, Darwin Núñez no papel de centroavante.
O Uruguai divide o favoritismo ao título com a Argentina devido ao diferencial dos meias, do entrosamento, do repertório, os mecanismos de jogo e a precisão no passe e na finalização. Maximiliano Araújo abre o placar com um golaço em lance construído pelo lateral Matías Viña. É dele o passe antes da pintura assinada em Miami.
Arrascaeta deu um chute a gol, finalizou perigosamente de cabeça, mas o Uruguai cresceu com a entrada de De La Cruz no lugar dele. O camisa 7 participa do lance do gol de Darwin Núñez ao erguer a bola com veneno da direita para dentro da área. No terceiro, cobrou a falta na cabeça de Viña. Dois lances decisivos partindo do reserva de Arrascaeta no jogo. O Panamá tentou oferecer resistência, porém no máximo diminuiu com Michael Murilo. O Uruguai não teve uma exibição brilhante, mas está disposto a reconquistar as Américas. A última conquista foi em 2011, na Argentina, ao superar o Paraguai.
No outro jogo do dia, um outro meia fez a diferença. Como joga o Pulicic! Sorte dos EUA contar com o talento do jogador do Milan. O técnico brasileiro Antônio Carlos Zago não deu conta de fazer a Bolívia pará-lo. O craque recebeu passe de Timothy Weah para abrir o placar aos três minutos. Depois, a flecha vira arco. Ele dá o passe decisivo para Folarin Balogun ampliar o placar aos 44. O segundo tempo serviu para administrar o resultado.
Pulicic oferece aos EUA talento no meio de campo ou nas pontas. A versatilidade permite ao técnico Gregg Berhalter a montagem de um organizado 4-3-3. A juventude da seleção é outro fator decisivo na imposição contra a Bolívia. Entrou em campo com média de 25,9 anos contra 27,9 da Bolívia. Nem mesmo o 3-1-4-2 idealizado por Zago parou os EUA.
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