Copa América é torneio inédito para Rogério Ceni. Saiba quais técnicos e goleiros deixaram o auxiliar de Dunga fora da festa ao longo da carreira

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Deveria ter sido como goleiro. Não foi. Vai ser como auxiliar técnico pontual de Dunga. Maior ídolo da história do São Paulo, Rogério Ceni chegou aos Estados Unidos na última terça-feira para viver, pela primeira vez na vida, o clima de uma Copa América. Aos 43 anos, tem no currículo de títulos um bicampeonato da Libertadores (1993 e 2005), uma Copa Sul-Americana (2012), uma Copa Conmebol (1994), duas Recopas Sul-Americanas (1993 e 1994), mas, inexplicavelmente, jamais foi lembrado nas convocações para o principal torneio de seleções do continente. Da estreia no São Paulo em 1993 até a aposentadoria em 2015 houve nove edições da centenária Copa América. O goleiro-artilheiro, protagonista de 132 bolas na rede na carreira, não foi chamado sequer para ser reserva em nenhuma delas.

Carlos Alberto Parreira, Zagallo, Vanderlei Luxemburgo, Luiz Felipe Scolari, Dunga e Mano Menezes não deram moral para Rogério Ceni. Por sinal, ele tinha tudo para ter participado da versão de 1997 do torneio, na Bolívia. Um absurdo se levarmos em conta a quantidade de recordes de Rogério Ceni na América do Sul, principalmente seu histórico na Libertadores.

Rogério Ceni é o brasileiro recordista de jogos na história da Libertadores (90), maior colecionador de vitórias (51), acumula a maior quantidade de participações no tradicional torneio de clubes (9) e maior artilheiro tricolor na Libertadores (14 gols). Mas Copa América, nada. Inexplicavelmente, os treinadores jamais deram muita bola para o camisa 01.

Há quem atribua o esquecimento ao temperamento de Rogério Ceni. Outros, a um episódio ocorrido na Copa das Confederações de 1997. Todo o elenco topou passar a máquina zero no cabelo e ficar careca. O grupo teria forçado a barra com Rogério Ceni, que se recusava. Os colegas baixaram a juba na marra e Rogério Ceni reclamou com o técnico Zagallo. Naquele episódio, o Velho Lobo teria afirmado que Rogério Ceni não era um jogador de grupo. Luiz Felipe Scolari (2002) e Carlos Alberto Parreira (2006) até levaram Ceni a duas Copas. Mas o craque do São Paulo sempre amargou a reserva. Titular, só com Emerson Leão.

A presença de Rogério Ceni nos Estados Unidos é vista com a desconfiança de quem interpreta um convite como uma alfinetada Bom Senso FC. Afinal, há dois anos, ele fez um discurso veemente contra a CBF e seus dirigentes em um seminário promovido pelo movimento. Agora, em nova fase, engatinhando na nova carreira que decidiu seguir — treinador — veste a camisa da CBF e dos seus patrocinadores para ter uma experiência na comissão técnica de Dunga.

Se não serviu a nenhum técnico da Seleção em nove Copas Américas que poderia ter disputado nos tempos de jogador — duas delas quando Dunga era o técnico —, por que Rogério Ceni interessa agora? No mínimo estranho. Muito estranho. Pelo menos ele está se sentindo em casa com uma legião de são-paulinos convocados, como Rodrigo Caio, Lucas Moura, Paulo Henrique Ganso e Casemiro.

Os técnicos e os goleiros que deixaram Rogério Ceni fora da Copa América

1993 – Carlos Alberto Parreira

Quem levou: Taffarel, Carlos e Zetti

1995 – Mário Jorge Lobo Zagallo

Quem levou: Taffarel, Danrlei e Dida

1997 – Mário Jorge Lobo Zagallo

Quem levou: Taffarel e Carlos Germano

1999 – Vanderlei Luxemburgo

Quem levou: Dida e Marcos

2001 – Luiz Felipe Scolari

Quem levou: Marcos e Dida

2004 – Carlos Alberto Parreira

Quem levou: Julio César e Fábio

2007 – Dunga

Quem levou: Doni e Helton

2011 – Mano Menezes

Quem levou: Julio César, Victor e Jefferson

2015 – Dunga

Quem levou: Jefferson, Neto e Marcelo Grohe

Marcos Paulo Lima

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