Filho de um ex-jogador de futebol que virou árbitro e até apitou Superclássico, foi auxiliar técnico e treinador. Este é Matías Biscay, o responsável por substituir o chefe suspenso Marcelo Gallardo à beira do campo nesta terça-feira, em Porto Alegre, no confronto de volta entre Grêmio e River Plate pelas semifinais da Libertadores. Ousado a ponto de sugerir uma reação contra o Boca Juniors trocando centroavante por zagueiro.
Com fama de pé-quente, o assistente de 44 anos é parça de Gallardo desde as divisões de base do River Plate. Biscay jamais perdeu nas cinco vezes em que foi acionado para comandar o River Plate no lugar do técnico. Na Libertadores 2015, assumiu a prancheta no empate por 1 x 1 com o Juan Aurich, do Peru, e o Tigres, por 2 x 2 , na fase de grupos; e na decisão do título contra o Tigres. Em 2016, liderou o River na vitória por 2 x 0 sobre o Atlético Rafaela. Nesta edição, era o comandante na goleada por 3 x 0 sobre o Racing pelas oitavas de final. Portanto, essa é a sexta vez.
Matías Biscay é filho de Juan Carlos Biscay. O pai dele foi jogador, árbitro (apitou duelo entre Boca Juniors e River Plate, em 1995), auxiliar-técnico e treinador. O herdeiro não quis saber de apito. Defendeu o Compostela (Espanha), o Lugano (Suíça), o Huracán e o River Plate, na Argentina. Fazia parte do elenco River Plate na conquista da Libertadores 1996. Na época, o time também contava com o maestro Marcelo Gallardo.
Há quem diga que Matías Biscay é o cérebro tático do River Plate, ou seja, quem enxerga o jogo. Prova disso é o desfecho do Superclássico de 5 de outubro de 2014, no Moumental de Núñez, pelo Campeonato Argentino. O Boca Juniors vencia por 1 x 0, gol de Leandro Magallán, quando Matías Biscay sugeriu a Gallardo trocar o atacante Leonardo Pisculich, de 1,75m, pelo zagueiro grandalhão Germán Pezzella, de 1.90m. A ideia era posicioná-lo como centroavante, explorar a estatura dele e empatar o jogo. Bingo! Foi justamente de Pezzella o gol do empate por 1 x 1.
O braço direito de Marcelo Gallardo trabalha em parceria com Hernán Buján, colega deles desde as divisões de base do River Plate. Em casa, o auxiliar costuma acompanhar os jogos do alto, na cabine número 19 do Monumental de Núñez. De lá, aproveita a visão panorâmica para se comunicar por rádio com Martín Biscay. Nas exibições fora da Argentina, o processo é semelhante. Buján tem vínculo com o River desde os seis anos.
O auxiliar aposentou-se em 2002, mas o desejo de ser treinador surgiu em 1997, quando Biscay defendia o Huracán. Adorava trocar ideia com o técnico do time, Oscar López. A história é contada no livro Gallardo Monumental, do jornalista Diego Borinsky. Dois anos mais velho do que Gallardo, Biscay, nascido em 1974, ficava observando os treinamentos da geração 1976 de Gallardo. Trabalham juntos na comissão técnica há sete anos, desde que foi convidado por ele para fazerem juntos o curso de treinadores na Escola Vicente López, na Argentina. Ao lado de Biscay e Buján, Marcelo Gallardo assumiu o Nacional, de Montevidéu, em 2011/2012, e levou o clube ao título uruguaio. De lá, seguiram para o River Plate.
Pai de Matías, seu Juan Carlos Biscay contou recentemente, em entrevista à revista argentina Un Caño, que agrediu um árbitro quando era jogador. Curiosamente, o filho fez o mesmo em um torneio juvenil disputado na Colômbia, no início dos anos 1990. Matías Biscay chegou a ser suspenso por dois anos pela Fifa.
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