Uma declaração de Reinaldo Rueda sintetiza o carinho que o ex-técnico do Flamengo tem pelo discípulo Alexis Mendoza, treinador do Junior Barranquilla — adversário do Palmeiras nesta quinta-feira na Copa Libertadores da América. “É uma pena. levei 10 anos formando um profissional e o desperdiçam”, desabafou Rueda após o clube colombiano demitir o xodó dele em 2016, na primeira passagem do ex-auxiliar pelo cargo.
Parecido com o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Alexis Mendoza ganhou justamente esse apelido. Nasceu em 1961. Quatro anos mais jovem do que Reinaldo Rueda, foi assistente do mestre nas seleções da Colômbia, do Equador e de Honduras.
Tem tanto respeito do chefe que assumiu a equipe olímpica de Honduras. Enquanto isso, o “patrão” administrava o elenco principal. A parceria fez sucesso. Ao escolher Mendoza, Rueda disse que não queria alguém que baixasse a cabeça para tudo o que ele mandasse, mas que o incomodasse. Na primeira experiência como técnico, o discípulo conquistou o Pré-Olímpico da Concacaf, em 2008, e classificou o país para os Jogos de Pequim. De quebra, ajudou Rueda a qualificar Honduras para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Depois da eliminação na primeira fase em uma chave que tinha Espanha, Suíça e Chile, Alexis Mendoza e Reinaldo Rueda trocaram Honduras pelo Equador. Repetiram o sucesso e classificaram os equatorianos para a Copa de 2014, aqui no Brasil. A queda na fase de grupos contra França, Suíça e Honduras encerrou a parceria. Rueda seguiu para o Atlético Nacional e Alexis Sánchez retomou a carreira solo no Junior Barranquilla. Depois da “separação”, ambos decidiram o Torneo Finalización da Colômbia em 2015.
Na época da final do campeonato, Alexis Mendoza elogiou o mestre. “O professor Rueda ensinou tudo o que eu deveria saber para chegar onde estou”, emocionou-se.
O xodó foi demitido pelo Junior Barranquilla em 2016. Depois do “exílio” no Equador à frente do Independiente del Valle, voltou ao Junior Barraquilla após a eliminação do time colombiano pelo Flamengo nas semifinais da Sul-Americana. Alexis Mendoza viu Reinaldo Rueda dar outra alfinetada no clube. “Foi preciso o Independiente del Valle, do Equador, reconhecer o seu potencial”, comentou o atual comandante da seleção do Chile.
Alexis Mendoza tem um pouquinho de Rueda, mas também foi aprendiz de Francisco Maturana. Era o camisa 3 da defesa da Colômbia em 5 de setembro de 1993 — o dia em que a Argentina foi goleada por 5 x 0 no Estádio Monumental de Núñez pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994. Jogava em um timaço que tinha: Córdoba; Herrera, Perea, Alexis Mendoza e Pérez; Álvarez, Gómez, Rincón e Valderrama; Asprilla e Valencia. Lá de trás, da retaguarda, viu Rincón marcar duas vezes, Asprilla outras duas e Valencia, uma. Mais tarde, tornou-se auxiliar de Francisco Maturana na seleção colombiana.
O técnico do Junior Barranquilla tem preferência pelo sistema tático 4-2-3-1. Ele já foi campeão pelo clube. Em 2015, faturou a Copa Colômbia, torneio equivalente à nossa Copa do Brasil. Superou o Independiente Santa Fé na decisão. Na época, o volante Gustavo Cuéllar, do Flamengo, era um do titulares do time colombiano.