Storti Bruno Henrique custou R$ 23 milhões ao Flamengo. Foto: Ivan Storti/Santos Bruno Henrique custou R$ 23 milhões ao Flamengo.

Como uma atuação de Bruno Henrique no Wolfsburg pode inspirar Abel Braga no Flamengo

Publicado em Esporte

Bruno Henrique não fez sucesso na passagem pela Europa. Saiu de lá sem fazer gol em 17 partidas. Mas ele teve papel decisivo em um triunfo inesquecível do Wolfsburg. Em 6 de abril de 2016, o time alemão derrotou o Real Madrid por 2 x 0. O atacante pintou e bordou com o time comandado pelo técnico Zinedine Zidane na Volkswagen Arena. Aquela partida pode ser uma das inspirações de Abel Braga para utilizar o ex-jogador do Santos no Flamengo. De acordo com informações dos colegas Abel Neto e Paulo Vinícius Coelho, ambos do FOX Sports, o mineiro de 28 anos está contratado pelo rubro-negro por R$ 23 milhões. O valor será pago de forma parcelada, em três vezes, mais o empréstimo do volante Ronaldo.

Há três anos, o técnico germânico Dieter Hecking buscava no elenco do Wolfsburg uma peça capaz de surpreender o Real Madrid. Apontou o dedo para Bruno Henrique e o elegeu para atormentar a vida de um compatriota dele, o lateral-esquerdo Marcelo. “Olhei dentro dos olhos dele e ninguém acreditava no que eu disse. Mas lembrei que tudo é possível no futebol”, revelou o treinador na entrevista coletiva oficial da Uefa após a partida.

Além de causar problemas a Marcelo, Bruno Henrique deu assistência para Max Arnold, autor do segundo gol do Wolfsburg. Encantado com a exibição da carta na manga, que atuava pela primeira vez na Champions League, Dieter Hecking reconheceu: “Bruno Henrique foi um dos principais jogadores. Nós queríamos fazer uma surpresa para o Real Madrid com este jogador”, revelou. Ao menos naquele dia, o estrategista conseguiu.

“Bruno Henrique foi um dos principais jogadores. Nós queríamos fazer uma surpresa para o Real Madrid com este jogador”

Dieter Hecking, técnico do Wolfsburg contra o Real Madrid (hoje comanda o Borussia Monchegladbach)

O reforço rubro-negro atuou exatamente como gosta: aberto na direita do ataque do Wolfsburg. Além de pressionar Marcelo, tinha uma missão importantíssima no planejamento tático daquela partida: a inversão de jogo — justamente o que o Fla ganha ao contratá-lo.

 

 

Quando o Wolfsburg atacava pela esquerda, com o driblador Draxler atraindo todo o sistema defensivo do time espanhol para aquele setor, Bruno Henrique era o cara responsável por aparecer livre na direita para tornar o Wolfsburg mais agudo. Foi assim que ele recebeu a bola do ponta-esquerda Draxler, invadiu a área e deu assistência para Max Arnold ampliar o placar contra o Real Madrid. Em um exercício virtual, algo como Vitinho arrancar pela esquerda, inverter a jogada para Bruno Henrique e este brindar um meia com o passe para gol.

Bruno Henrique fazia a função inversa do outro lado. Enquanto tirava a paz de Marcelo e obrigava o Real Madrid a blindar o lateral, Draxler aguardava aberto na esquerda. Foi dele o cruzamento para Schürrle, vítima do pênalti cometido por Casemiro. O suíço Ricardo Rodríguez cobrou e abriu o placar. A vitória por 2 x 0 em casa no jogo de ida foi histórica, porém, insuficiente para eliminar o Real Madrid. Cristiano Ronaldo, Benzema,Bale, Modric, Kroos, Marcelo e companhia fizeram 3 x 0 na volta, no Santiago Bernabéu, e avançaram às quartas.

 

 

O técnico Pep Guardiola ensina em um trecho do excelente livro Guardiola Confidencial (recomendo!) que “em todos os esportes de equipe, o segredo é sobrecarregar um dos lados do campo para confundir o posicionamento do adversário. Concentrar o jogo de um lado para que o rival deixe o outro livre. Por isso, precisamos passar a bola, sim, mas com intenção, com propósito. Passá-la para sobrecarregar um dos lados, para atrair e resolver no canto oposto”.

O sistema tático do Wolfsburg naquele triunfo sobre o Real Madrid foi o 4-1-4-1. Bruno Henrique, Guilavogui, Arnold e Draxler formavam a última linha de quatro atrás de Schürrle. Venceram o Real Madrid na base da inversão de jogo. O Flamengo pode ter algo semelhante, por exemplo, com Bruno Henrique, Éverton Ribeiro ou Diego, De Arrascaeta e Vitinho á frente do volante Cuéllar, todos responsáveis por abastecer o homem de referência Gabriel Barbosa.

 

 

Dieter Hecking venceu o Real Madrid jogando assim. Abel terá essa ousadia no Flamengo?

A ver…

 

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