Como Silvio Santos criou a Copa dos Campeões Mundiais e trouxe para Brasília

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Iranildo contra o São Paulo no DF na final da Copa dos Campeões Mundiais de 1997. Foto: Correio Braziliense

 

Silvio Santos não tinha vocação para dirigente de futebol, mas dificilmente deixava uma possibilidade de negócio passar. “Topava tudo por dinheiro” e não desperdiçava uma oportunidade de alfinetar concorrentes pesados na disputa pelos direitos de transmissão de eventos esportivos. Ele foi um dos mentores e articuladores de um torneio chancelado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) disputado em Brasília por três anos consecutivos. Em 1995, saiu do papel a Copa dos Campeões Mundiais.

 

O evento avançou depois de um acordo entre a empresa Sport Promotion, dos empresários José Francisco Coelho Leal, o Quico, e Alberto Beloti, o Tuca, com Silvio Santos e o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). A competição reunia os quatro clubes brasileiros vencedores da Copa Intercontinental — atual Mundial de Clubes. Na contagem da época, apenas Santos (1962 e 1963), Flamengo (1981), Grêmio (1983) e São Paulo (1992 e 1993) ostentavam a estrela de campeão.

 

“Foi um período em que Silvio Santos, que nunca gostou de esportes na grade do SBT, resolveu investir no ramo. E ficou bem animado quando comprou os direitos da Copa do Brasil e teve, em 1995, uma final histórica (entre Corinthians e Grêmio). A audiência bateu a Globo com um índice absurdo: 42 na média e uns 54 no pico. Com isso, ele se animou. Como todos os torneios estavam em nome de outras emissoras, ele resolveu criar torneios novos. Tudo aconteceu com a orientação e produção da Sport Promotion”, conta Alberto Beloti em entrevista ao blog.

 

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e os cartolas dos quatro clubes toparam a realização da Copa dos Campeões Mundiais de 1995, 1996 e 1997, no intervalo entre o fim dos estaduais e o início do Brasileirão. Os direitos de transmissão ficaram com o SBT. Havia premiação. Cada time recebeu US$ 200 mil por três jogos na primeira fase e tinha direito a 60% da renda bruta. Na final, o campeão arrecadava US$ 200 mil e o vice, US$ 100 mil.

 

“A Sport Promotion criou tudo para Silvio Santos, seguindo um pedido de entrar no futebol. Tivemos uma tempestade de ideias com ele e saiu a proposta de criar esse torneio. Ali começou a era de levar jogos para Brasília, especialmente com times do Rio, que tinham uma torcida absurda aí. Depois disso, todo mundo queria fazer jogo em Brasília”, detalha Beloti.

 

 

A primeira partida da Copa dos Campeões Mundiais foi realizada em Brasília, a única sede presente nas três edições. O Grêmio derrotou o Flamengo por 2 x 0 (vídeo acima). Além do velho Mané Garrincha, o Parque do Sabiá, em Uberlândia (MG), recebeu a edição inaugural.

 

O sistema de disputa era simples: quadrangular. Os times jogavam entre si em turno único. Os dois melhores disputariam a final em jogo único. Sob o comando do mestre Telê Santana, o São Paulo conquistou o primeiro título em 1995. Empatou por 0 x 0 com o Santos, no Parque do Sabiá, e triunfou nos pênaltis, por 4 x 3.

 

A Copa dos Campeões Mundiais se consolidou em 1996. Os organizadores escolheram Cuiabá e Brasília para receber o torneio. “Acertamos a vinda para Brasília e houve até uma ajuda financeira para o futebol do Distrito Federal”, conta Weber Magalhães, ex-presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal. Ele havia assumido o comando da entidade justamente naquele ano. O responsável pela divulgação dos jogos no DF era Marcus Vinicius Bucar. “Guardo até hoje o material que distribuímos sobre o torneio”, recorda em entrevista ao blog. A final foi no velho Mané Garrincha: o São Paulo  derrotou o Flamengo por 2 x 1.

 

 

A edição de 1997 passou por Campo Grande (MS), novamente Brasília e teve revanche para a torcida rubro-negra. O Flamengo derrotou o São Paulo por 1 x 0 na decisão no Mané Garrincha. “Não tive o prazer de conhecer o Sílvio Santos, mas, de certa forma, convivemos. A Copa dos Campeões Mundiais foi fantástica. O Flamengo foi campeão em 1997, em Brasília (vídeo acima). O Iranildo foi a grande figura da final”, lembra o presidente do Flamengo à época, Kleber Leite, em entrevista ao blog.. “Era uma competição legal: grandes clubes brasileiros campeões do mundo com apoio total do SBT. Silvio Santos foi absolutamente fora da curva, descomunal”, elogiou o dirigente.

 

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