Há uma reclamação recorrente em comum nas campanhas do Brasil na Copa América e da Espanha na Eurocopa. As duas seleções jogam em casa nos torneios continentais, mas têm contra si um fogo amigo: o péssimo estado do gramado de suas exibições. Neymar atacou publicamente a administração do estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, palco do segundo e do terceiro jogos da Seleção no torneio continental. A Espanha culpa, entre outros motivos, o piso do Estádio La Cartuja, em Sevilha, pelo insucesso na fase de grupos no Velho Mundo.
Deste lado do Oceano Atlântico, Neymar cobrou atitude da Conmebol e da administração do estádio arrendado ao Botafogo em relação ao gramado. “Comemorando o gol de ontem (quinta-feira passada, contra o Peru), no belo gramado do Engenhã #porfavorarrumaocampoo”, ironizou o camisa 10 no dia seguinte ao jogo, nas redes sociais.
Dois treinadores que ficam à beira do campo também detonaram o gramado da arena. “O estado é lamentável. Aos 10 minutos você não conseguia mais jogar. É mais para outro esporte do que futebol. O mesmo acontece em outros estádios da Copa. Um bom campo é essencial para jogar um bom futebol”, desabafou o técnico da Argentina, Lionel Scaloni.
Tite questionou o gramado do Engenhão na entrevista coletiva desta terça-feira na véspera do duelo com a Colômbia pela quarta rodada da Copa América. “O estado do gramado não é bom. A melhor condição do gramado significa melhor condição para a saúde dos atletas. Um buraco ou um escorregão possibilita um embate mais intenso”, apontou o treinador.
O coordenador de seleções Juninho Paulista assumiu pessoalmente o patrulhamento da situação dos gramados. O Brasil estreou no Mané Garrincha contra a Venezuela; encarou Peru e agora a Colômbia no Nilton Santos e encerrará a participação na primeira fase do Estádio Olímpico, em Goiânia. “Sou testemunha de que o Juninho está, a toda hora, em contato com as pessoas responsáveis para que tenha uma melhor condição, porque isso dá saúde aos atletas”.
A Espanha tenta administrar a mesma crise na Eurocopa. Embora a edição deste ano do torneio seja espalhada pela continente, a Espanha não saiu de casa na fase de grupos. Todas as exibições são no Estádio La Cartuja. O técnico Luis Enrique detonou a situação do gramado nos empates com a Suécia e a Polônia. O duelo desta quarta será diante da Eslováquia.
Depois do empate sem gols contra a Suécia, o treinador da Espanha referiu-se ao gramado como “seco, lento e em mau estado”. E completou: “Não ajudou muito. Vi meus jogadores com dificuldade para controlar a posse de bola. Necessitamos que o campo esteja melhor, mas não é uma desculpa”, reclamou. Não houve evolução na igualdade por 1 x 1 com a Polônia.
Curiosamente, nos dois casos, há promessas de melhora para os duelos desta quarta-feira. O blog conversou com uma fonte responsável pelos gramados da Copa América. Ele alega que o Botafogo estava treinando lá direto antes Copa América. Com a confirmação do torneio no Brasil, a Conmebol teria pedido a colocação de grama de inverno contra a vontade da empresa responsável pelo manutenção do piso a serviço do Botafogo. Quem acompanha de perto os serviços conta que um mutirão deu uma levantada outra vez no campo. Indica que o gramado está se recuperando. Um especialista diz que o Engenhão ganhou densidade nos últimos dias.
O discurso em Sevilha é o mesmo. Promessa de que o gramado estará melhor no duelo de hoje contra a Eslováquia. A Espanha precisará demais da qualidade do piso para evitar um vexame de 17 anos atrás. A última vez que a seleção não passou da fase de grupos foi na Euro-2004, em Portugal. De fato, houve sensível evolução contra a Polônia, mas o próprio técnico Luis Enrique, ex-jogador, não espera milagre em poucos dias com um torneio de alto nível em andamento.
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