As crises no Chile e na Turquia deixaram a Conmebol e a Uefa numa fria. Santiago é a sede da primeira final em jogo único na história da Copa Libertadores da América. A onda de protestos no país sede faz a entidade máxima do futebol sul-americano estudar alternativas para a decisão entre Boca Juniors e River Plate e Flamengo ou Grêmio. O prazo é curto. A decisão está marcada para 23 de novembro. Istambul foi escolhida para ser o palco do último capítulo da temporada 2019/2020 da Champions League. Será? Vale a pena desgastar a imagem da Uefa com as ofensivas bélicas da Turquia contra os curdos?
O Chile enfrenta protestos violentes iniciados na semana passada devido ao aumento nas tarifas do metrô. Foi a gota d’água para a insatisfação popular registrada nos últimos anos. Lembra a onda de manifestações no Brasil devido ao rejuste no valor das passagens de ônibus em 2013. O governo decretou estado de emergência, impôs toque de recolher em várias cidades, inclusive na capital Santiago, a cidade foi militarizada, e até o momento há registro de 11 mortos, mais de 280 feridos e 2.151 prisões. No domingo, o governo se referiu aos protestos como inimigo implacável e que está em guerra contra os opositores.
A Conmebol sustenta a realização da final em Santiago, mas vai na contramão da Associação Chilena de Futebol. A rodada do campeonato nacional foi paralisada devido aos protestos. Não há garantia de segurança para a realização de jogos de futebol no país. Em nota, a Conmebol pondera que que levará em conta a “segurança dos clubes, jogadores, torcedores e meios de comunicação credenciados, para que o único protagonista seja o futebol sul-americano”. No ano passado, questões de segurança envolvendo as torcidas do Boca e do River levaram a decisão da Libertadores para o Santiago Bernabéu, em Madri.
A Uefa tem mais tempo para observar os movimentos do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan. A Champions League entra nesta semana na terceira rodada da fase de grupos. A final será em 30 de maio no Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, palco da finalíssima de 2005. No entanto, o cenário político do país é constrangedor para a entidade máxima do futebol do Velho Continente.
A Turquia aproveitou a retirada de tropas dos Estados Unidos do norte da Síria para combater milícias curdas ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado terrorista por Ancara. A incursão turca teria resultado na libertação de integrantes do Estado Islâmico e vitimado civis. Aguardemos os desdobramentos nos próximos meses.
Colaborou Rodrigo Craveiro, subeditor de Mundo do Correio Braziliense
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