53905937277_2dd2451f91_c Arthur Elias (de preto) vibra com a classificação contra as atuais campeãs do mundo. Foto: Rafael Ribeiro/CBF Arthur Elias vibra com a classificação. estratégias ousadas nos bastidores da classificação. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Como Arthur Elias deixou a Espanha desconfortável e levou Brasil ao pódio

Publicado em Esporte

O preparo físico foi o diferencial do Brasil na vitória por 4 x 2 contra a Espanha na semifinal do torneio feminino de futebol nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Vou explicar. O técnico Arthur Elias escolheu adotar encaixes individuais na marcação no campo inteiro contra as atuais campeãs mundiais no Estádio Vélodrome, em Marselha. Não é um plano de fácil execução. Muito menos manter a intensidade do início ao fim do jogo. O corpo cobra caro.

 

A Seleção conseguiu porque há sintonia entre Arthur Elias, o preparador físico Marcelo Rossetti, o fisiologista Ronaldo Kobal e os analistas de desempenho André Batista, Cristian Lizana e Bruno Faust. Um time quase invisível nos bastidores. Há estratégia de jogo, claro, mas de utilização das peças também. Os índices fizeram toda a diferença.

 

Arthur Elias mudou cinco jogadoras em relação à vitória contra a França nas quartas de final. Saíram Rafaelle, Adriana, Duda Sampaio, Ana Vitória e Gabi Nunes. No lugar delas, Lauren, Ludmila, Angelina, Vitória Yaya e Priscila iniciaram a partida. Foram até poucas mudanças. A escalação contra a França teve sete trocas em relação ao time inicial da derrota para a Espanha por 2 x 0 pela última rodada da fase de grupos.

 

Configurado no 3-4-1-2. o Brasil teve fôlego para correr o campo inteiro atrás das espanholas, adiantar as linhas e pressionar a saída de bola da Espanha. A goleira Cata Coll falha no primeiro lance, mas o erro é consequência do conceito. A marcação por encaixe individual, ou seja, o popular “cada uma pega um” das peladas de rua, previa ataques à goleira na saída de bola.

 

A Espanha sofre no início da partida porque a estratégia de Arthur Elias deixa as jogadoras lideradas por Montserrat Tomé Vazquez desconfortáveis. A obediência tática do Brasil do primeiro ao último minuto irrita Bonmatí, Hermoso, Paralluelo e companhia. As defesas da goleira Lorena, pra mim a melhor jogadora do Brasil até agora, ao lado da brasiliense Gabi Portilho, ajudaram a tirá-las do sério.

 

A formação escolhida por Arthur Elias teve gás para sustentar a estrutura até o fim. Adriana, Duda Sampaio, Ana Vitória, Kerolin e Gabi Nunes  entram conscientes de que precisam manter o padrão. Apesar da reação da Espanha, elas conseguem segurar a barra com a mesma dinâmica das colegas substituídas por elas e a ideia de Arthur Elias funciona.

 

Duas ausências importantes alimentarão o debate até a final contra os Estados Unidos neste sábado, às 12h, no Parque dos Príncipes. A lateral-esquerda Tamires e a rainha Marta não entraram em campo nos últimos dois jogos. Lesionada, Tamires está fora dos Jogos Olímpicos. Marta cumpriu os dois jogos de suspensão e está disponível para a final. A camisa 10 sairá de Paris-2024 no mínimo com a medalha de prata. Certamente ela deseja mais: o ouro para vingar os vices contra os EUA em Atenas-2004 e em Pequim-2008.  Em outro post tratarei sobre a utilização (ou não) da jogadora eleita seis vezes melhor do mundo na finalíssima.

 

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