Tão surpreendente quanto a iminente transferência de Dudu para o Al Duhail do Catar, aos 28 anos, é o absurdo de o ídolo alviverde ter disputado apenas três jogos com a camisa da Seleção principal – 98 minutos no total. Foram duas exibições em 2011 sob o comando de Mano Menezes e um com Tite, quando marcou o gol da vitória sobre a Colômbia na partida beneficente de 2017, no estádio Nilton Santos, no Jogo da Amizade em homenagem às vítimas da tragédia da Chapecoense.
Acho um desperdício. Até mesmo certo desrespeito ao ícone de três títulos nacionais recentes do Palmeiras — a Copa do Brasil 2015 e o bi no Brasileirão nas edições de 2016 e 2018. Vou além: Dudu ganhou a Bola de Ouro da revista Placar em 2018 e a prata por quatro temporada consecutivas de 2016 a 2019. Nada disso foi suficiente para dar a Dudu o mínimo de sequência na Seleção.
Portanto, perguntar não ofende: qual terá sido o pecado cometido pelo atacante para tamanho desprestígio? E olha que, de 2011 a 2020, a Seleção teve quatro treinadores diferentes: Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari, Dunga e Tite.
Para mim, Dudu merecia ter sido um dos 23 na Copa da Rússia. Só para lembrar. Enquanto Dudu carregava o Palmeiras nas costas aqui no Brasil, Tite levou Taison do Shakhtar Donetsk para a Rússia! Numa boa, o cara poderia estar no mínimo no grupo. Ser titular é outra discussão…
Dudu não cairia de paraquedas na Seleção. Ele tem história nas equipes de base sub-17 e sub-20 da CBF. Era o camisa 7 de Ney Franco na conquista do Mundial Sub-20 de 2011, na Colômbia. Fez parte do elenco que tinha Danilo, Alex Sandro, Casemiro, Philippe Coutinho e Oscar. Entende o argumento? Foi vice-artilheiro do Brasil na campanha do título com três gols ao lado de Coutinho e de Oscar. Balançou a rede contra Panamá, Arábia Saudita e Espanha. Por sinal, definiu a decisão por pênaltis contra os espanhóis nas quartas de final.
19 anos, 10 meses e 3 dias tinha Dudu quando estreou com a camisa da Seleção sob o comando de Mano Menezes em 2011, contra o Gabão. Ele também entrou em campo contra o Egito e disputou a última das três partidas com a amarelinha no Jogo da Paz de 2017 contra a Colômbia no time que Tite formou com jogadores em atividade no país à época. Voltou a ser convocado no mesmo ano para os duelos contra Uruguai e Paraguai pelas Eliminatórias para a Copa 2018, mas depois caiu no esquecimento
Dudu deve trabalhar no país anfitrião da Copa-2022. Irá até o Catar conversar com os donos do Al Duhail antes de assinar (ou não) contrato. O jogador terá 30 anos no Mundial. Porém, se não teve chance na Seleção atuando como o melhor jogador do país sob os olhos de Tite, imagina atuando bem longe do solo tupiniquim, no Oriente Médio, com a camisa do Al Duhail?
Mano Menezes usou Dudu duas vezes no trabalho de renovação pós-Copa do Mundo 2010, ambas em 2011, quanto ele tinha 19 anos e os títulos da Série B (Coritiba), Mineiro (Cruzeiro) e d0 mundial Sub-20 no currículo. O jogador entrou em campo nas vitórias sobre o Gabão, em Libreville, ao substituir o centroavante Jonas; e na primeira viagem dele ao Catar na vitória por 2 x 0 contra o Egito, no Al-Rayyan Stadium. Entrou no lugar de Hulk. Escondido no Dínamo de Kiev, ficou esquecido até Tite convocá-lo em 2017 colocá-lo em campo como titular no amistoso contra a Colômbia. Fez o gol da vitória. O time só tinha jogadores que atuavam no país.
Dudu voltou a ser lembrado por Tite na lista para os duelos com Uruguai e Paraguai pelas Eliminatória para a Copa de 2018 após contusão de Douglas Costa, mas não entrou em campo. Em fevereiro deste ano, Dudu tornou pública a insatisfação com Tite. “Isso é o treinador que tinha que explicar. De 2015 para cá, venho sendo um dos destaques do Brasil, aí sempre chega um jogador que se destaca por dois ou três meses e ganha chance na Seleção, enquanto a gente aqui do Palmeiras não tem. Sei que ele tem os jogadores dele, e a prioridade às vezes é chamar os jogadores da Europa. Mas quando convoca alguns do Brasil ele não me convoca. A gente fica triste, mas não tenho esse pensamento de ‘não ir para a seleção é um desastre”, comentou.
Dudu ficou fora inclusive da Copa América do ano passado no Brasil. Há quem argumento que Dudu entre menos taticamente do que concorrentes como David Neres, Richarlison, Willian, Rodrygo, Douglas Costa, Vinicius Junior, Everton “Cebolinha” e Bruno Henrique, que chegou a ser lembrado por Tite na única convocação deste ano. Isso tudo sem contar Neymar, o dono do pedaço do campo em que Dudu gosta de atuar.
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