A pandemia do novo coronavírus puxou com vontade o freio de mão das federações que estudavam inventar mais competições no calendário inchado do futebol. Alguns torneios estavam prontinhos para sair do forno. Outros aguardavam detalhes. Como é impossível prever até mesmo quando a bola voltará a rolar, os projetos começam a ser engavetados.
A Fifa esperava lançar o novo Mundial de Clubes em 2021. A competição reuniria 24 times no meio do ano, na China — onde houve a primeira contaminação causada pelo novo coronavírus. Com os adiamentos da Eurocopa e da Copa América para o ano que vem, o presidente Gianni Infantino recuou. A competição não tem previsão para começar.
“O mundo está enfrentando um desafio de saúde sem precedentes e claramente se exige uma resposta global e coletiva. Cooperação, respeito mútuo e compreensão precisam ser os princípios em mente para todos os líderes nesse momento crucial”, alegou Gianni Infantino.
Em queda de braço com a Fifa, os principais clubes planejavam lançar em breve uma espécie de Superliga Europa reunindo 20 clubes de cada uma das cinco ligas nacionais mais badaladas do Velho Continente — La Liga (Espanha), Seria A (Itália), Premier League (Inglaterra), Ligue 1 (França) e Bundesliga (Alemanha).
A crise sanitária global mina os planos dos clubes rebeldes, indignados com a quantidade de datas Fifa para as seleções, e fortalece o discurso de rejeição à ideia de Gianni Infantino. “Não haverá Superliga nos próximos 10 anos”, banca o presidente do Conselho Deliberativo do Bayern Munique, Karl-Heinz Rummenigge, ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.
“Não haverá Superliga nos próximos 10 anos. Talvez, esta crise leve a que os clubes deixem de correr permanentemente atrás do dinheiro. Mas o que mais desejo é que superemos esta crise concluindo a temporada”
Karl-Heinz Rummenigge, presidente do Conselho Deliberativo do Bayern Munique, em entrevista ao Frankfurter Allgemeine Zeitung
Eleito duas vezes Bola de Ouro pela revista France Football, em 1980 e em 1981, o craque argumenta: “Acho que deveríamos deixar este tipo de assunto para quando superarmos a crise. Neste momento não pode existir qualquer interesse nisto. Esta ideia só tem um objetivo, o de fazer dinheiro. E isso foi reduzido ao absurdo com a atual situação. Considero que o panorama atual não necessita de alterações”, defende o executivo do time bávaro.
Rummenigge mandou inclusive um recado às cúpulas dos outros clubes da Europa. “Talvez, esta crise leve a que os clubes deixem de correr permanentemente atrás do dinheiro. Mas o que mais desejo é que superemos esta crise concluindo a temporada atual”, ponderou. Além da Eurocopa, o calendário do ano que vem no Velho Mundo prevê a disputa da Uefa Nations League e o início das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar 2022.
No fim do ano passado, a Conmebol desmentiu publicamente a ressurreição da Supercopa dos Campeões, torneio realizado no segundo semestre nos anos 1990 reunindo apenas clubes vencedores da Copa Libertadores da América. “As mensagens que estão circulando não são oficiais”, avisou a entidade em nota publicada nas redes sociais da entidade.
Havia apenas ideia de usar a competição como atalho para o novo Mundial de Clubes da Fifa, mas, até então, esbarrava em obstáculos internos e externos. A CBF, por exemplo, é contra a ideia. O Brasil entende que um novo torneio prejudicaria o calendário nacional.
Os efeitos colaterais do novo coronavírus no futebol também jogaram no esquecimento a extinta Copa das Confederações. A competição foi disputado um ano antes da Copa do Mundo como evento teste no país sede sede em 2001 (Japão e Coreia do Sul), 2005 (Alemanha), 2009 (África do Sul), 2013 (Brasil) e 2017 (Rússia). Além da Eurocopa e da Copa América, a temporada que vem colocará em cartaz a Copa Africana de Nações. Portanto, a Copa das Confederações foi definitivamente é página virada, virou peça de museu.
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