- Mentor
O veterano técnico francês Guy Lacombe é uma espécie de guru de Zinedine Zidane. Foi o primeiro treinador do jogador eleito três vezes melhor do mundo na Academia de Cannes e se tornou uma espécie de introdutor de Zidane na nova profissão após a aposentadoria do craque, quando Zidane optou por seguir a carreira de treinador e decidiu se matricular no curso para tirar a Uefa Pro Licence.
- Referências
Zidane acompanhou de perto o trabalho de ao menos quatro técnicos. Como diretor esportivo do Real Madrid, teve um relacionamento desagradável com José Mourinho. Foi bem sucedido como auxiliar de Carlo Ancelotti, com quem conquistou o décimo título europeu. Deu uma escapadinha do Real Madrid para interagir com o argentino Marcelo “El Loco” Bielsa no Olympique de Marselha, mas é fã, mesmo, de Pep Guardiola. Chamou o amigo Makele e esteve no Centro de Treinamento do Bayern de Munique. Acompanhou in loco, com prancheta nas mãos e tudo, o método de trabalho do badalado treinador catalão. Ao fim do intercâmbio em Sabener Strasse, ambos conversaram pessoalmente.
- Sistema tático
Zinedine Zidane chegou a utilizar o 4-3-3 no Real Madrid Castilla, mas rendeu-se ao esquema tático da moda — o 4-2-3-1. Assim deixou o time na vice-liderança do Grupo 2 da Segunda B, a terceira divisão do Campeonato Espanhol. O time-base dele era o seguinte: Abad; Fernández, Martínez, León e Tejero; Llorente e Muñoz; Odegaard, Enzo Zidane e Mayoral; Mariano Díaz. Na atual temporada, Zidane raramente variou o esquema tático. Dependendo do adversário, configura a equipe no 4-1-4-1, mas é muito raro na lista de partidas do Real Madrid Castilla.
- Personalidade
Ao menos duas polêmicas no Real Madrid Castilla revelam um pouco a personalidade do técnico Zidane. Nesta temporada, o francês entregou a braçadeira de capitão ao filho, Enzo Zidane, que forma com o dinamarquês Odegaard e o espanhol Mayoral a linha de três meias do esquema tático. A imprensa criticou o nepotismo, mas Zidane disse que Enzo era titular porque estava jogando para isso e capitão pois tinha liderança. A chegada de Odegaard também foi um desafio. O salário alto da promessa criou ciúmes no jovem elenco, mas Zidane mostrou habilidade para administrar o problema criado pelo patrão, Florentino Pérez. Adora viajar no dia da partida e detesta conceder entrevistas. O microfone é um dos seus inimigos.
- Blindagem
Há um temor de que o Real Madrid queime um dos seus maiores ídolos, autor do gol do nono título europeu do clube, mas um episódio mostra que o clube é capaz de comprar uma briga por ele. O presidente da Federação Espanhola de Treinadores, Miguel Angel Galan, questionou a licença do treinador para comandar o Real Madrid Castilla e até o suspendeu por 30 dias. Houve uma grita geral. Na Espanha, o departamento jurídico do Real Madrid recorreu da decisão. Na França, François Blaquart, diretor técnico da Federação Francesa, também gritou.
- Sensibilidade
Em uma entrevista recente à revista France Football, Zidane conta uma experiência interessante no relacionamento com os meninos do Real Madrid Castilla. Quando assumiu o Real Madrid, ele tentou posar de paizão com o elenco e logo percebeu que não daria certo. “Se você for bonzinho com os mais jovens não funciona. Eu descobri que preciso dizer coisas que eles não estão preparados para ouvir”, testemunhou.
- Ousadia
Não é muito a cara de Zidane, mas, de vez em quando, ele faz uma graça. A joia dinamarquesa Odegaard é um exemplo. O jogador chegou ao clube cheio de banca, com salário muito acima do recebido pelos outros jovens do elenco e cláusulas contratuais de que teria de ser titular, mas Zidane peitou a marra e apresentou ao moleque o banco de reservas. A relação com Odegaard não é de ódio, mas passa longe de ser de amor. Depois de domar a ferinha, Zidane “brincou” com o posicionamento de Odegaard nas suas experiências táticas. Escalou a promessa tanto como volante quanto como meia no 4-2-3-1. Zidane também deu um chega pra lá no talentoso atacante dominicano Mariano Díaz. Artilheiro do Real Madrid Castilla na Segunda B com 12 gols, o goleador ficou sete vezes na reserva para que outro talento, Borja Mayoral, assumisse a posição de centroavante no esquema tático 4-2-3-1.
- Respeito
Quando era técnico do Real Madrid e tinha Zidane com um dos auxiliares, Carlo Ancelotti testemunhou a favor do craque como seu sucessor e falou do relacionamento de Zidane com o elenco profissional. “Ele tem carisma, personalidade e experiência. A relação dele é muito boa com Benzema e Varane. Zidane compreende a maneira de trabalhar do clube e o seu estímulo era muito importante para mim. Quando Zidane fala, os outros jogadores ouvem”, afirmou.
- Aproveitamento
Na primeira temporada como técnico do Real Madrid Castilla, Zidane acumulou 16 vitórias, 10 empates e 12 derrotas e terminou em sexto lugar na Segunda Divisão B. Na atual, contabiliza 10 vitórias, 7 empates e 2 derrotas e deixa o time na segunda posição, a quatro pontos do líder. A estatística geral de Zidane à frente do time é a seguinte: 57 jogos, 26 vitórias, 17 empates, 14 derrotas, 88 gols a favor e 58 contra. Aproveitamento de 55,5%.
- Parceria
Zinedine Zidane não foge à regra. Adora um amigo a tiracolo. Assim como Felipão, tem o seu Flávio Murtosa. David Bettoni é seu homem de confiança. Ambos se conhecera em Cannes. Outro braço direito do treinador é o compatriota Hamidou. Os dois parças trabalhavam com ele no Real Madrid Castilla. O preparador físico Parrales e o treinador de goleiros Roberto Vázquez, ambos espanhóis, também conquistaram Zidane, assim como o coordenador da base, Luis Lloris, que deve ter o seu trabalho requisitado pelo novo treinador do Real Madrid.