Os clubes do Distrito Federal pagam três vezes mais do que os de fora da capital pela taxa de ocupação — o chamado aluguel — do Mané Garrincha. É o que mostram os boletins financeiros das partidas realizadas neste ano no estádio mais caro da Copa de 2014. Os borderôs estão nos sites oficiais das federações do Distrito Federal, do Rio e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A renda bruta de Nova Iguaçu 0 x 1 Flamengo, no domingo passado, pela quinta rodada da Taça Guanabara, foi R$ 694.980,00. O aluguel do Mané Garrincha saiu por R$ 34.749,00, ou seja 5% da receita bruta. Dois dias depois, o Brasiliense recebeu, no mesmo estádio, o Oeste-SP, pela primeira fase da Copa do Brasil e arrecadou R$ 4.080,00. Do total, R$ 612, ou 15%, foi pago pelo aluguel do estádio.
A explicação do GDF para a cobrança de 5% aos clubes de fora e de 15% para os times da casa é a chamada “guerra fiscal” para atrair jogos a estádios deficitários da Copa de 2014. Quando cobrava 15% pela taxa de ocupação — valor definido por decreto no governo de Agnelo Queiroz —, Brasília chegou a perder vários jogos para concorrentes como as arenas Pantanal, da Amazônia, das Dunas — e até mesmo o Kleber Andrade, em Cariacica (ES), e Mario Helênio, em Juiz de Fora (MG). Com isso, o valor da taxa passou a ser negociado evento por evento. A lógica utilizada é a seguinte: “jogo bom, jogo barato; jogo ruim, jogo caro”.
A taxa de 15% para os clubes da cidade tem sido praticada em jogos da Copa do Brasil, Copa Verde e no Candangão. Mandante na derrota para o Real por 1 x 0 na primeira rodada, o Brasiliense pagou 15% da renda bruta para usar o Mané Garrincha. A renda deu R$ 5.200. Do total, R$ 780 ficou com o estádio. Foi assim também no clássico da última sexta-feira contra o Gama.
A FFDF também recebe menos do que a Ferj nos jogos de fora. A vitória do Flamengo sobre o Nova Iguaçu, por exemplo, rendeu à FFDF R$ 31.896,00. A quantia é metade dos R$ 63.792,00 a que a Ferj teve direito como entidade organizadora do torneio.
Apesar da desvantagem dos clubes e da federação local, o blog apurou que a realização de jogos de clube de fora, sobretudo do Rio, na cidade, tem sido bem-vindo nos bastidores da FFDF para quitar dívidas da entidade, principalmente com a arbitragem. Há pendências financeiras com trios do Candangão de 2017 e da edição atual da competição doméstica.
O fim da proibição ao mando itinerante na Série A do Campeonato Brasileiro foi festejada nos bastidores como uma possibilidade de amortizar as dívidas ao longo da temporada. A cada jogo de outro estado na capital do país, a FFDF tem direito a 5% da renda bruta.
O borderô da partida válida pelo Carioca também discrimina o valor da cota fixa recebida pelos dois clubes. Mandante, o Nova Iguaçu teve direito a R$ 130 mil e o Flamengo, a R$ 250 mil.