Citado em livro de Alex Ferguson, Andreas Pereira ajuda a entender estratégia do Flamengo

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Sir Alex Ferguson é um dos autores de um livro maravilhoso chamado Liderança em parceria com Michael Moritz. Recomendo demais a leitura. Pois bem. O título do terceiro capítulo da obra é o seguinte: Juntando as peças. Um dos tópicos, Linha de Produção. O escocês cita o nome de Andreas Pereira nesse trecho para explicar como funcionava a montagem do time no longo prazo na época dele no Manchester United e de Arsène Wenger no Arsenal. Posso estar enganado, mas o Flamengo adaptou o método à realidade do clube. Enquanto europeus investem pesado cada vez mais na compra de atletas novos, na transição da infância para a adolescência, o time carioca vai ao mercado do Velho Mundo em busca de seminovos como Kenedy e Andreas Pereira, ambos reforços de 25 anos de idade.

Antes de fazer revelações sobre o Manchester United, Alex Ferguson explica a linha de produção do colega de profissão. “No Arsenal, Arsène Wenger aplicou o seu método de construir um time no longo prazo. Quando chegou à Inglaterra, a sua política se baseava no conhecimento do futebol francês e seu método de desenvolvimento do time foi comprar vários jogadores franceses adolescentes e de vinte e poucos anos, como Thierry Henry, Patrick Vieira e Nicolas Anelka. Mais recentemente, Arsène adaptou essa abordagem e investiu grandes somas em Mesut Özil e Alexis Sánchez, além de ter comprado jovens jogadores ingleses como Oxlade-Chamberlain, Walcott e Chamber”, cita.

O badalado escocês conta que o procedimento dos Red Devils era parecido. “Nos últimos dez anos no Manchester United, empregamos uma tática semelhante. No entanto, jogamos nossa rede mais longe e compramos os gêmeos brasileiros Rafael e Fábio, de 17 anos, Giuseppe Rossi, centroavante italiano que mais tarde vendemos para o Villarreal, e Gérard Piqué, do Barcelona, na época também com apenas 17 anos”, conta Alex Ferguson.

Mais à frente, o treinador do Manchester United durante 27 anos acrescenta: “A nossa ênfase na juventude foi se intensificando ao longo dos anos, e o nosso sistema se tornou mais afinado. A rede global do Manchester United se expandiu no que diz respeito à identificação dos melhores jogadores jovens, não importando em que países estivessem jogando — Macheda (Itália), Possebon (Brasil) e Januzaj (Bélgica)”, cita Alex Ferguson.

Ferguson encerra o capítulo citando justamente o reforço do Flamengo como mais um dos achados do Manchester United.

“Nas minhas últimas temporadas no clube, contratamos uma leva inteira de jovens: Tyler Blackett, Paddy McNair, James Wilson, Andreas Pereira e Will Keane”, aponta na página 75 do livro.

No mesmo capítulo, o técnico bicampeão da Champions League e protagonista de 13 conquistas na Premier League defende o conceito estabelecido. “Priorizar uma estratégia de longo prazo para o clube era crucial, e no Manchester United era necessário pensar sempre na composição do time com algumas temporadas de antecedência. Assim, precisávamos de uma linha de produção de talentos”, argumenta.

Abordei aqui no blog em outro post que a escolha do Flamengo por Kenedy e Andreas Pereira não parece aleatória. A estratégia, com as devidas adaptações às realidades financeiras do futebol brasileiro e, especificamente, do Flamengo, lembra muito os conceitos do Arsenal e do Manchester United. Eles investiam em jogadores novos. A diretoria rubro-negra olhava para usados como Diego, Filipe Luís, Rafinha e Diego Alves. Agora, decidiu baixar a faixa etária a fim de renovar o elenco e nivelar idades com as de Gabriel Barbosa, Thiago Maia e Léo Pereira. Kenedy e Andreas Pereira são da mesma geração. Eles jogaram juntos na Seleção sub-20.

Há uma lógica, inclusive, na passagem de bastão da geração de Diego Alves, Diego e Filipe Luís para a que está chegando. O manual de Alex Ferguson mais uma vez explica: “Entrosávamos os mais jovens com os mais experientes em ocasiões fora do alcance das câmeras de televisão. De vez em quando, jogadores veteranos como Bryan Robson e Darren Fletcher jogavam com o time reserva. Isso era uma injeção de confiança nos atletas com os quais contávamos para o futuro. Mesmo quando os jogadores experientes vinham só assistir ao treino do time jovem, os meninos recebiam uma grande carga de confiança”, revela no livro.

Líder do processo, Alex Ferguson cobrava: “Eu sempre queria saber como estava a linha de produção de jogadores para o time que escalaríamos três anos depois. É muito mais fácil alcançar um nível consistente de alto desempenho quando preparamos os jovens, ajudando-os a se desenvolver e lhes oferecendo um caminho para o sucesso”. Qualquer semelhança do método rubro-negro com os de Ferguson e Wenger é mera coincidência.

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Marcos Paulo Lima

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