Fred e Jô viveram o céu na conquista do Brasil na Copa das Confederações 2013 e o inferno no fracasso na Copa do Mundo 2014. Os queridinhos de Luiz Felipe Scolari naquele ciclo da Seleção ganharam as manchetes no período sem futebol com transferências badaladas. Como em um passe de mágica, ambos viraram soluções pós-pandemia para Fluminense e Corinthians. Deixaram Cruzeiro e Nagoya Grampus, respectivamente, em meio a disputas judiciais com seus ex-clubes. A pergunta que não quer calar é: qual é a chance de esses reforços darem certo?
Fred arrematou a camisa 9 da Seleção para a Copa de 2014 quando dividiu a artilharia da Copa das Confederações 2013 com o espanhol Fernando Torres. Arrebentou na final ao balançar a rede duas vezes, no Maracanã. Um ano mais tarde, ganhou injustamente o apelido de “cone” prejudicado por uma Seleção que não abria mão de ter um centroavante, mas se recusava a jogar em função dele. Neymar atraiu o protagonismo. Fez quatro gols. Fred marcou apenas um.
Queimado, principalmente, por ser um dos atores do 7 x 1, Fred não voltou à Seleção com Dunga e muito menos na gestão de Tite. Aos trancos e barrancos, tratando uma lesão grave e outra leve aqui e ali, continuou marcando gols. Foi artilheiro do Brasileirão em 2014 pelo Fluminense com 18 gols e em 2016 pelo Atlético-MG com 14. Terminou o Carioca (2015) e o Mineiro (2017 e 2019) como goleador. Experiente, brilhou quando as condições física e clínica permitiram.
“Vou dar a vida com essa camisa e acho que estou voltando para um desafio muito grande na minha carreira. Mas não estou indo só pelo que eu já fiz, mas para provar mais uma vez que sou capaz de continuar jogando em alto nível para a nossa torcida, eles sabem que eu posso fazer isso por eles”
Fred, ao anunciar o retorno ao Fluminense
Fred retorna ao Fluminense aos 36 anos. Provavelmente, para encerrar a carreira no clube em que virou ídolo. A relevância da contratação é inquestionável. Tapete vermelho para o símbolo do bicampeonato brasileiro em 2010 e 2012, do título carioca em 2012 e da Primeira Liga em 2016. Resta saber, agora, se o técnico Odair Hellmann conseguirá montar um time em função do camisa 9. Não dá para ser diferente. É jogar pelo Fred ou sem o Fred. Há outros dois desafios: encaixar Nenê, 38, e/ou Paulo Henrique Ganso, 30, com o centroavante. Um deles com Fred já acho demais. Talvez, repetiria o erro da época em que Diego Souza e Fred atuaram juntos. Fred, Nenê e Ganso juntos então, seria praticamente um atentado de Hellmann próprio trabalho.
Jô virou reserva de Fred na Copa do Mundo graças ao desempenho na Copa das Confederações do quarteto formado com Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli e Bernard na conquista do Atlético-MG na Copa das Confederações e ao sucesso na Copa das Confederações 2013. Fez dois gols na campanha do título e aproveitou as oportunidades quando entrou no lugar de Fred. A substituição manjada de Felipão não funcionou no Mundial. Jô entrou em campo três vezes e não marcou contra o México, Chile e Holanda. É outro que jamais retornou à Seleção.
Motivo não faltou. Jô foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro em 2017 com 18 gols. Era o centroavante do time idealizado por Fábio Carille. Nem o fato de o comandante do Timão ter sido auxiliar de Tite foi suficiente para Jô ter uma nova chance de disputar a Copa da Rússia. Embarcou para o Japão e arrebentou na temporada 2018 do Campeonato Japonês. Balançou a rede 24 vezes pelo Nagoya Grampus e terminou a competição como principal goleador.
“Dentro do futebol é natural, a gente já está acostumado com comparações. ‘Será que é o Jô de 2017 agora?’ Quando eu cheguei em 2017, também tinha aquela dúvida: ‘Será que depois de ficar tanto tempo fora ele vai render?’ Eu tento me manter sempre em alto nível”
Jô, na apresentação ao Corinthians
Assim como Fred, Jô precisa de um time que se mobilize por ele. Não tem a mobilidade de Vágner Love, que muitas vezes topou sacrificar-se pelos centroavantes. O Athletico-PR de Tiago Nunes campeão da Copa Sul-Americana em 2018 tinha um centroavante. Marcelo Cirino, Raphael Veiga e Nikão eram os responsáveis por abastecer Pablo. O sistema funcionava muito bem. Com a venda de Pablo para o São Paulo, Marco Ruben passou a ser a referência no título da Copa do Brasil do ano passado. Tiago Nunes terá peito para optar por Jô ou Mauro Boselli?
Fred, Jô e os outros 21 membros da família Scolari da Copa 2014 carregam o fardo do maior vexame da Seleção em 106 anos de história da Seleção Brasileira, mas podem continuar sendo muito úteis a Fluminense e Corinthians, desde que Odair Hellmann e Thiago Nunes saibam organizar o time em função deles. Não, jogar em função de um nome não é moderno, óbvio, mas é o que as diretorias dos dois clubes escolheram ao investirem nessas contratações.
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