A derrota do Brasil para Marrocos no início do ciclo para a Copa do Mundo de 2026, no Canadá, nos Estados Unidos e no México aumentou a pressão sobre a Confederação Brasileira de Futebol pela definição do novo treinador da Seleção. Em meio ao processo seletivo, a mobilização nos bastidores foi acelerada e o controle do vazamento de informações para blindar as chamadas sondagens também . O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, confirma o interesse em Carlos Ancelotti. Paralelamente, uma força tarefa entrou e ação neste domingo para contestar a notícia publicada pelo diário português Record de que o ex-goleiro Julio Cesar estaria intermediando aproximação entre a entidade e Jorge Jesus.
O fato é que a CBF atraiu para si uma pressão desnecessária causada pela demora na tomada de decisão. Seleções como a Espanha e Portugal agiram rapidamente no mercado depois da Copa do Catar. Substituíram Luis Enrique e Fernando Santos por Luis de la Fuente e Roberto Martínez, respectivamente. Ouras, como França, Alemanha e Inglaterra, bancaram a sequência dos projetos de Didier Deschamps, Hansi Flick e de Gareth Southgate.
Enquanto isso, Ednaldo Rodrigues protela demais a decisão. Reportagem do Correio Braziliense mostrou, em janeiro, que o presidente eleito no ano passado jamais sentiu o peso da escolha de um técnico na carreira e isso dificultaria a missão. Tite anunciou, em fevereiro de 2022, que deixaria o cargo. Confirmou horas depois da eliminação diante da Croácia no Estádio da Educação, no Catar, em 9 de dezembro. De lá para cá, a o dirigente decidiu mirar em técnicos estrangeiros, optou por aguardar o fim da temporada europeia e delegou a prancheta interinamente ao comandante do elenco sub-20, Ramon Menezes, na derrota de sábado por 2 x 1 para Marrocos, em Tânger.
O resultado negativo do Brasil nesta Data Fifa e vitórias de potências como Argentina, Inglaterra, França, Alemanha e Espanha colocam em xeque a largada verde-amarela rumo ao hexa e deixam o presidente Ednaldo Rodrigues exposto. O primeiro impacto será a perda da liderança no ranking da Fifa na próxima atualização.
Em entrevista à agência de notícias inglesa Reuters, o dirigente confirmou o interesse na contratação de Carlos Ancelotti. O italiano comanda o Real Madrid e tem contrato até junho de 2024. Paralelamente, o diário Record publicou que o ex-goleiro Julio Cesar, ex-Flamengo, Internazionale e Benfica, estaria representando a CBF, em Lisboa, em uma suposta negociação com o estafe de Jorge Jesus. Campeão da Libertadores e do Brasileirão pelo Flamengo em 2019, o Mister tem vínculo com o Fenerbahçe até 30 de junho deste ano.
O blog apurou a informação com duas fontes e ambas negaram a informação. Uma delas informou, inclusive, que o goleiro Julio Cesar se manifestaria nas redes sociais sobre a informação. O ex-jogador de fato negou na conta pessoal no Instagram.
“Ninguém da CBF solicitou a mim qualquer tipo de ajuda ou intermediação nessa direção. Reitero que não sou representante da entidade. Sou apenas um atleta que fez sua carreira profissional na Seleção Brasileira. Se, em algum momento e em algum dia o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, precisar da minha ajuda em qualquer situação, vou ajudar porque o futebol brasileiro é a minha paixão”, disse. “Jorge Jesus é uma pessoa que eu prezo, tenho como amigo, foi meu treinador no Benfica e com quem tenho uma ótima relação”, afirmou o goleiro titular do Brasil nas Copas de 2010 e 2014.
Jorge Jesus, Abel Ferreira, Fernando Diniz e José Mourinho são alguns dos nomes pretendidos pela CBF. Pep Guardiola foi cogitado, mas o catalão logo descartou a possibilidade. Diante das especulações, Ednaldo Rodrigues confirmou em entrevista à Reuters o favoritismo de Carlo Ancelotti.
“Ancelotti é unanimemente respeitado entre os jogadores. Não apenas Ronaldo Fenômeno ou Vinicius Junior, mas todos que jogaram sob o seu comando. Eu o admiro muito pela honestidade na forma como trabalha e pela constância do seu trabalho. Não precisa de apresentações. É mesmo um treinador top, que tem várias conquistas e esperamos que possa ter ainda mais”, disse o presidente da CBF. Aos 63 anos, Ancelotti trabalhou com 41 brasileiros.
Ednaldo Rodrigues reforçou: “Ancelotti não é apenas o favorito dos jogadores, mas também dos torcedores. Em todos os lugares que vou no Brasil, em todos os estádios, ele é o primeiro nome que os torcedores me perguntam. Falam dele de forma muito carinhosa, em reconhecimento a um trabalho exemplar que tem feito em sua carreira. Vamos ter fé em Deus, esperar o momento oportuno e vamos ver se conseguimos na busca do novo técnico da Seleção Brasileira”, disse.
O novo técnico da Seleção Brasileira deve estrear da Data Fifa de 12 a 20 de junho. Um dos amistosos está previsto para Manaus, onde a CBF pretende lançar uma terceira camisa na cor verde num ato em defesa da Amazônia. O plano é anunciar o sucessor de Tite até maio. A demora tem a ver com contrato. Todos os treinadores pretendidos pela CBF estão vinculados a clubes.
“Seremos muito éticos na nossa abordagem e respeitaremos os contratos que estão em vigor. Também respeitamos muito o trabalho que é feito por qualquer treinador e seu clube, para fazer qualquer tipo de abordagem. Seria uma falta de respeito para o presidente dos clubes em questão”, sustenta Ednaldo Rodrigues. Portanto, temos paciência para esperar o momento certo para que possamos manter essas conversas. Nada está muito definido ainda para dizer o nome (do próximo técnico) com certeza, mas é nessa linha, entendeu? Precisamos de um técnico que tenha o respeito e a admiração dos jogadores”, finalizou o dirigente.
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