Abel Ferreira está prestes a lançar um livro. Jorge Jesus tem o dele. José Mourinho e outros treinadores portugueses também entraram no mercado literário. O novo técnico do Flamengo, Paulo Sousa, inspirou pelo menos dois autores. Na passagem pela Itália, o lusitano ganhou uma biografia e um registro das duas temporadas na Fiorentina.
Parte da vida e obra de Paulo Sousa como jogador e treinador é contada pelo italiano Marco Stetto (pseudônimo do autor) no livro Paulo Sousa, Il Portoghese Vagante (Paulo Sousa, o português vagante). O título obviamente remete para a carreira cigana do treinador nascido no Viseu, cidade com pouco mais de 100 mil habitantes, mas que virou cidadão do mundo.
Filho primogênito do mecânico Delfin e da costureira Maria Madalena, Paulo Sousa ia para a escola com os avós enquanto os pais trabalhavam e cuidavam do irmão mais novo. Segundo o autor, a família tinha poucos bens, mas exalava harmonia, afeto, dever e justiça.
Marco Stretto relata no livro que Paulo Sousa dedicava-se ao futebol, mas era uma criança religiosa. Um frequentador assíduo da catequese e da missa dominical. Paralelamente, arruma tempo para outra diversão – o basquete. Mas ele não trocou os pés pelas mãos. Fiel ao esporte bretão, iniciou a trajetória no futebol sob as ordens do técnico Carlos Soares, o Coach Carlos, no Clube de Futebol Os Repesense, e colocou o pé na estrada com passagens por Benfica, Sporting, Juventus, Borussia Dortmund, Internazionale, Parma, Panathinaikos e Espanyol como volante.
O livro relata, também, a transição de Paulo Sousa da carreira de jogador para técnico e destaca a relevância de alguns nomes na mudança de profissão. Um deles é o ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madail. O dirigente abre as portas da seleção portuguesa para que ele trabalhe como auxiliar do brasileiro Luiz Felipe Scolari, do português Carlos Queiroz e assuma as categoria de base da esquadra lusitana.
Enquanto era funcionário da federação, Paulo Sousa recebeu convite para trabalhar pela primeira vez em um time, o Queens Park Rangers. A chegada ao clube inglês coincidiu com a aquisição dos novos proprietários. O italiano Flavio Briattore, chefe da escuderia Renault à época, e o inglês Bernie Ecclestone, então presidente da Fórmula 1, compraram a equipe alocada naquela época na segunda divisão da terra da rainha. Na temporada seguinte, o sétimo lugar na Championship pelo Swansea fez Paulo Sousa tornar-se um português vagante.
As portas se abriram no mercado húngaro, israelense, suíço, italiano, chinês, francês, polonês e agora no Brasil para comandar o Flamengo, onde finalmente terá um time competitivo para brigar por títulos. No demais, assumiu o papel de coadjuvante na disputa pelos troféus.
As duas temporadas na Fiorentina também mereceram livro. Giacomo Cialdi conta detalhes da passagem do português pelo clube italiano no livro La Fiorentina di Paulo Sousa – Crônica de duas temporadas fora do comum. Sob a batuta do português, a Fiorentina terminou o Campeonato Italiano em quinto lugar na temporada 2015/2016 e chegou a liderar a Serie A. Um dos jogadores dele à época era o lateral-direito Gilberto.
Na temporada seguinte, a Fiorentina caiu do quinto para o oitavo lugar no Italiano, chegou às quartas de final da Copa Itália e atuou quase sempre no limite da possibilidade oferecida pelo elenco. A abordagem de Giacomo Cialdi vai do ceticismo da torcida na chegada do português ao clube ao sonho de conquistar a Serie A nas cinco rodadas de 2015/2016 em que o time esteve na primeira colocação – sexta, sétima, oitava, décima primeira e décima segunda rodadas.
Siga no Twitter: @marcospaulolima
Siga no Instagram: @marcospaulolimadf