Em tempos de numeração fixa, o lugar da camisa 10 do Flamengo, principalmente em dia de duelos contra Botafogo, Fluminense ou Vasco, é no cabide, guardadinha no armário. O rubro-negro tem Diego, Conca chegou, mas neste sábado, o time da Gávea vai completar cinco clássicos sem usar a camisa 10 sequer no banco de reservas. Se não me falha a memória e o levantamento que fiz e deu um trabalho danado, a última vez que a camisa 10 balançou a rede num clássico foi em 7 de abril de 2012, quando Ronaldinho Gaúcho fez o segundo gol da vitória por 2 x 1 justamente sobre o Vasco, no Engenhão, pelo Campeonato Carioca.
Consagrada por Arthur Antunes Coimbra, a camisa 10 não foi aposentada. Longe disso. É questão de escolha, mesmo. A 10 está “alugada” a Ederson. Diego chegou a ser inscrito e a usá-la na Copa Sul-Americana do ano passado, mas não fez gol. A tendência é que ele ou Conca assuma a 10 na Libertadores. Enquanto isso, Ederson continua em recuperação de uma lesão óssea sofrida em 3 de julho de 2016, na derrota por 4 x 0 para o Corinthians, no Itaquerão, em São Paulo, depois de uma entrada dura do lateral-direito Fagner. Lá se vão 37 partidas oficiais sem a 10 na súmula: 29 no ano passado e outras oito nesta temporada. Faz tempo, muito tempo sem o número da sorte em campo.
Para você ter uma ideia, a última vez que a camisa 10 fez a diferença a favor do Flamengo foi em 29 de junho de 2016. Faz praticamente oito meses. Ederson marcou o gol da vitória sobre o Internacional. Era a 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em clássicos cariocas, o jejum está prestes a completar cinco anos. Ronaldinho Gaúcho fez o último gol da camisa 10, em 7 de abril de 2012. Desde então, o Flamengo disputou 51 clássicos cariocas. Foram 20 contra o Vasco, 15 com o Fluminense e 16 com o Botafogo.
Pelo jeito, vai demorar para a camisa 10 rubro-negra voltar às quatro linhas. A recuperação é lenta e o contrato vai até o fim deste ano. Em janeiro, o globoesporte.com falou com o médico rubro-negro Márcio Tannure e com o psicólogo Fernando Gonçalves sobre a situação de Ederson. A previsão foi pessimista. “Ederson passa por esse sofrimento, algo de quem quer demais a recuperação. Mas, em função do edema, ele não consegue avançar. Ele (Ederson) é muito perfeccionista, gosta de ter muitas certezas, flexibiliza o processo para a recuperação ser a mais saudável possível, para que a cabeça ajude. É difícil, ele quer muito ajudar. Tivemos a fatalidade do jogo contra o Corinthians, que é um fator externo, que comprometeu. Ele acaba usando tudo de forma inteligente para que esse processo seja da maneira mais saudável e que a cabeça jogue a favor nessa recuperação”, conta o psicólogo Fernando Gonçalves.
O médico Márcio Tannure nem quis prever a volta de Ederson aos gramados. “Temos que esperar que o corpo absorva esse edema, mas prefiro não dar mais prognóstico, porque já dei sobre ele e não foi concretizado. Assim como no caso do Conca, estamos fazendo o máximo, mas isso foge um pouco da gente, depende mais do organismo dele do que da parte médica. O caso dele está sendo um pouco mais longo, realmente”, admitiu Tannure.
Os donos da camisa 10 nesta década
2010: Adriano e Petkovic
2011: Ronaldinho Gaúcho
2012: Adriano
2013: Carlos Eduardo e Gabriel
2014: Gabriel* e Lucas Mugni
2015: Ederson
2016: Ederson
2017: Ederson
*Fez gol em clássicos cariocas, mas vestindo a camisa 17