Cabeça fria, coração quente: mantra de Abel Ferreira e talento de Dudu levam Palmeiras à final do Mundial

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Cabeça fria, coração quente. O título do livro de Abel Ferreira foi mais uma vez o mantra usado pelo Palmeiras para um novo sucesso sob a batuta do técnico português. Depois de dois títulos da Libertadores (2020 e 2021) e de uma Copa do Brasil (2020), o alviverde está na decisão do Mundial de Clubes da Fifa. Lá se vão 22 anos desde o amargo vice contra o Manchester United, em 1999, no Japão. O time paulista está a um jogo — contra Chelsea ou Al Hilal — de ostentar o combo Copinha e Mundial para acabar de vez com as zoações.

O Palmeiras teve a cabeça fria para lidar com as provocações, a autoconfiança do técnico adversário Pitso Mosimane  e o futebol organizado, competitivo do Al Ahly. O time egípcio ofereceu resistência, mas o talento individual da trupe comandada por Abel Ferreira e a troca rápida de passes entre os mais talentosos mostrou-se capaz de criar espaço.

O primeiro gol do Palmeiras é uma trama de pura técnica entre os três jogadores mais talentosos da companhia. Danilo aciona rapidamente Dudu e o melhor jogador da partida faz o link imediato com Raphael Veiga. A finalização foi perfeita e surpreendeu o sistema defensivo egípcio. O meia canhoto arrematou com perfeição de direita.

O passe de Dudu para Raphael Veiga tem semelhanças com o lançamento preciso de Aloísio Chulapa para o volante Mineiro no gol do título do São Paulo contra o Liverpool na decisão do Mundial de 2005. Uma bela e surpreendente inversão de papéis. A diferença é que Mineiro invadiu a área dos Reds pelo meio. Raphael Veiga surgiu em diagonal.

Se a cabeça fria determinou o primeiro gol, o coração quente de Dudu reacendeu a chama do título inédito. O lance mais uma vez é marcado pela rapidez na transição. Piquerez toca para Rony e ele rapidamente repassa ao turbinado Dudu. Focado, o atacante carregou a bola com a gana de quem persegue o único título que lhe falta no currículo com a camisa alviverde e chuta cruzado no ângulo direito do goleiro Ali Lofti.

Sim, o goleiro Weverton falhou feio no lance do gol do Al Ahly, mas, para sorte dele, Sherif estava impedido. O Palmeiras é outro em relação ao Mundial de Clubes do ano passado. Amadureceu. Assimilou os conceitos de Abel Ferreira. Bastou para se vingar do Al Ahly, carrasco alviverde na decisão do terceiro lugar em 2020. Será suficiente contra o Chelsea ou Al Hilal na finalíssima de sábado? Provavelmente, não. Principalmente se o adversário foi o timaço inglês, atual campeão da Uefa Champions League.

Não sei se você já reparou, mas todos os técnicos portugueses que desembarcam no Brasil falam em poder de concentração. Foco, atenção o jogo inteiro. Jorge Jesus, Abel Ferreira e agora Paulo Sousa batem na mesma tecla. O Palmeiras se comportou assim contra o Al Ahly e cumpriu com louvor a primeira parte do Projeto Abu Dhabi.

Para não perder o trocadilho infame com o nome do amigo do técnico Pitso Mosimane, a quem o comandante do Al Ahly prometeu atropelar os campeões da Libertadores se contasse com o reforço dos jogadores da seleção do Egito, o Palmeiras não quer mais ouvir um pio… do Pio Nogueira.

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Marcos Paulo Lima

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