Por mais que a técnica Pia Sundhage trabalhe, e não tenho dúvida de que a sueca é incansável, a Seleção Brasileira é limitada para a disputa da Copa do Mundo no meio deste ano na Austrália e na Nova Zelândia. É possível, sim, avançar às oitavas de final no Grupo E, da cabeça de chave França, mas o futebol apresentado na vitória por 1 x 0 diante do Japão na abertura da SheBelieves Cup, em Orlando, nos Estados Unidos, não permite sonhar com nada além de figurar entre os 16 melhores da competição. Finalistas em 2019, Estados Unidos ou Holanda podem cruzar o caminho verde-amarelo no primeiro mata-mata. Portanto, não será nada fácil.
A vitória contra o Japão deixou claro que o sucesso do Brasil na Copa dependerá totalmente, como sempre, da rainha Marta. Guardadas as devidas proporções, ela tem que ser para a Seleção o que Lionel Messi foi para a Argentina na campanha do tricampeonato no Catar. Ele fez a diferença em todos os jogos. Ela também precisa estar com a varinha de condão em dia.
Nesta quinta, bastou Marta entrar em campo para o Brasil se tornar um time minimamente agressivo. Três minutos depois de colocar os pés nas quatro linhas, a jogadora eleita seis vezes número 1 do planeta aprontou fuzuê na esquerda e cruzou para Debinha fazer o gol da vitória.
Marta está com 36 anos. Ficou 10 meses afastada da Seleção por causa de uma contusão. O Brasil se virou sem ela na conquista da Copa América. Jogar sem ela no Mundial é missão inglória. Não há outra jogadora que imponha respeito, medo como ela. A assistência para o gol deixa isso claro. A marcadora japonesa está procurando a bola até agora.
Sem ela, o Brasil é uma seleção sem imaginação. Erra muitos passes, abusa da ligação direta, dos lançamentos longos. É programado para contra-atacar e sofre demais. Quando as oportunidades aparecem, falta tranquilidade para finalizar com a mínima perícia. Desperdiçar oportunidade em amistoso é tolerável. Na Copa do Mundo, não. Pode custar caro.
Os próximos jogos serão contra os Estados Unidos e o Canadá. Não espero nada melhor do que o Brasil apresentou contra o Japão. Em tese, os adversários são mais difíceis e repertório é totalmente dependente da saúde de Marta.
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