Quando Tite, fã de Carlo Ancelotti, se despediu da Seleção Brasileira na sala de conferência do Estádio da Educação depois da eliminação do Brasil nos pênaltis contra a Croácia na Copa do Mundo do Catar, falou sobre o legado para 2026: “Tem uma geração bonita que vai se fortalecer nas adversidades e no crescimento. Com o passar do tempo, as pessoas vão fazer uma avaliação devida”, afirmou.
Dos 23 jogadores convocados pelo técnico interino Ramon Menezes para a goleada deste sábado por 4 x 1 contra Guiné, em Barcelona, e o amistoso de terça-feira diante de Senegal, em Lisboa, 14 estiveram com Tite no Oriente Médio. Sete terão menos de 30 anos no Mundial do Canadá, Estados Unidos e no México: Éder Militão, Lucas Paquetá, Bruno Guimarães, Richarlison, Vinicius Junior, Rodrygo e Pedro. Portanto, há uma base para a retomada da caça ao hexa. Além deles, pitadas de experiência no grupo com Danilo, Marquinhos e Casemiro.
Há lideranças a serem desenvolvida em cada posição. Marquinhos desponta como xerife da zaga. Casemiro, o capitão. Neymar continuará sendo o fora de série vendo Vinicius Junior crescer cada vez mais no retrovisor. Garoto humilde e bem menos vaidoso do que Ney, imagino que ele devolverá a camisa 10 ao ainda jogador do PSG. Há dúvidas nas laterais, a carência de um meia criativo e a possibilidade insana de disputa pela camisa 9. Não acho Richarlison dono do número. Enxergo nomes como Gabriel Jesus, Pedro, Vitor Roque e outros nomes como candidatos.
Como Tite projetou, a nova geração se fortaleceria nas adversidades. A carência de um técnico no início do ciclo é um desses desafios. A tendência é Carlos Ancelotti assumir a Seleção na metade de 2024. Provavelmente na Copa América dos Estados Unidos no período de 14 de junho a 14 de julho. A CBF está inclinada a aguardar o fim do contrato do italiano com o Real Madrid.
Até lá, a agenda do Brasil aponta duelos contra Senegal, Bolívia, Peru, Venezuela, Uruguai, Colômbia, Argentina e Espanha. Ramon Menezes ou alguém designado pela CBF ou pelo técnico Carlo Ancelotti teria de preparar o caminho até a posse definitiva do italiano.
Enquanto Ancelotti não vem, é quase inócuo analisar a exibição Brasil contra a frágil Guiné em todos os sentidos. Embora Ramon Menezes tenha 14 jogadores da última Copa no elenco, aquele padrão de jogo não existe mais. Prevalece o talento. Três gols foram marcados por jogadores comandados pelo técnico italiano no Real Madrid. Éder Militão, Rodrygo, e Vinicius Junior balançaram a rede. Ausente na Copa, Joelinton aproveitou a oportunidade.
O amistoso contra Guiné não deve ser totalmente desprezado. Tite deixou um rascunho de time para a Copa de 2026. Esse esboço não deve ser rasgado, transformado em bolinha de papel e atirado na lata de lixo como o Brasil costuma fazer depois de cada Mundial. É preciso encontrar alguém capaz de reciclá-lo, evoluí-lo, aprimorá-lo para encerrar o jejum.
Escrevi algumas vezes aqui no blog que acho inadmissível o Brasil não ter um sucessor para Tite um ano e quatro meses depois de ele anunciar no programa Redação SporTV ancorado pelo colega Marcelo Barreto a decisão de deixar o cargo independentemente do resultado no Catar. Tite reforçou o discurso mais à frente no Bem, Amigos!, de Galvão Bueno. Portanto, houve tempo de sobra para a elaboração de um projeto, porém a CBF desperdiçou tempo.
Se o preço a ser pago pelo presidente Ednaldo Rodrigues para recuperar o tempo perdido é desperdiçar mais um ano à espera de Carlo Ancelotti, que o plano seja colocado em prática o mais rapidamente possível a fim de que a imagem da seleção mais vitoriosa na história das Copas do Mundo não sofra ainda mais desgaste e apequenamento.
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