52982070306_faa8169bb8_c Éder Militão e Rodrygo: peças importantes no processo de recomeço. Foto: Joilson Marconne/CBF

Brasil 4 x 1 Guiné: o legado de Tite, Ancelotti e o processo de reciclagem

Publicado em Esporte

Quando Tite, fã de Carlo Ancelotti,  se despediu da Seleção Brasileira na sala de conferência do Estádio da Educação depois da eliminação do Brasil nos pênaltis contra a Croácia na Copa do Mundo do Catar, falou sobre o legado para 2026: “Tem uma geração bonita que vai se fortalecer nas adversidades e no crescimento. Com o passar do tempo, as pessoas vão fazer uma avaliação devida”, afirmou.

 

Dos 23 jogadores convocados pelo técnico interino Ramon Menezes para a goleada deste sábado por 4 x 1 contra Guiné, em Barcelona, e o amistoso de terça-feira diante de Senegal, em Lisboa, 14 estiveram com Tite no Oriente Médio. Sete terão menos de 30 anos no Mundial do Canadá, Estados Unidos e no México: Éder Militão, Lucas Paquetá, Bruno Guimarães, Richarlison, Vinicius Junior, Rodrygo e Pedro.  Portanto, há uma base para a retomada da caça ao hexa. Além deles, pitadas de experiência no grupo com Danilo, Marquinhos e Casemiro.

 

Há lideranças a serem desenvolvida em cada posição. Marquinhos desponta como xerife da zaga. Casemiro, o capitão. Neymar continuará sendo o fora de série vendo Vinicius Junior crescer cada vez mais no retrovisor. Garoto humilde e bem menos vaidoso do que Ney, imagino que ele devolverá a camisa 10 ao ainda jogador do PSG. Há dúvidas nas laterais, a carência de um meia criativo e a possibilidade insana de disputa pela camisa 9. Não acho Richarlison dono do número. Enxergo nomes como Gabriel Jesus, Pedro, Vitor Roque e outros nomes como candidatos.

 

Como Tite projetou, a nova geração se fortaleceria nas adversidades. A carência de um técnico no início do ciclo é um desses desafios. A tendência é Carlos Ancelotti assumir a Seleção na metade de 2024. Provavelmente na Copa América dos Estados Unidos no período de 14 de junho a 14 de julho. A CBF está inclinada a aguardar o fim do contrato do italiano com o Real Madrid.

 

Até lá, a agenda do Brasil aponta duelos contra Senegal, Bolívia, Peru, Venezuela, Uruguai, Colômbia, Argentina e Espanha. Ramon Menezes ou alguém designado pela CBF ou pelo técnico Carlo Ancelotti teria de preparar o caminho até a posse definitiva do italiano.

 

Enquanto Ancelotti não vem, é quase inócuo analisar a exibição Brasil contra a frágil Guiné em todos os sentidos. Embora Ramon Menezes tenha 14 jogadores da última Copa no elenco, aquele padrão de jogo não existe mais.  Prevalece o talento. Três gols foram marcados por jogadores comandados pelo técnico italiano no Real Madrid. Éder Militão, Rodrygo, e Vinicius Junior balançaram a rede. Ausente na Copa, Joelinton aproveitou a oportunidade.

 

O amistoso contra Guiné não deve ser totalmente desprezado. Tite deixou um rascunho de time para a Copa de 2026. Esse esboço não deve ser rasgado, transformado em bolinha de papel e atirado na lata de lixo como o Brasil costuma fazer depois de cada Mundial. É preciso encontrar alguém capaz de reciclá-lo, evoluí-lo, aprimorá-lo para encerrar o jejum.

 

Escrevi algumas vezes aqui no blog que acho inadmissível o Brasil não ter um sucessor para Tite um ano e quatro meses depois de ele anunciar no programa Redação SporTV ancorado pelo colega Marcelo Barreto a decisão de deixar o cargo independentemente do resultado no Catar. Tite reforçou o discurso mais à frente no Bem, Amigos!, de Galvão Bueno. Portanto, houve tempo de sobra para a elaboração de um projeto, porém a CBF desperdiçou tempo.

 

Se o preço a ser pago pelo presidente Ednaldo Rodrigues para recuperar o tempo perdido é desperdiçar mais um ano à espera de Carlo Ancelotti, que o plano seja colocado em prática o mais rapidamente possível a fim de que a imagem da seleção mais vitoriosa na história das Copas do Mundo não sofra ainda mais desgaste e apequenamento.

 

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