Vejam como o mundo da bola dá voltas… Uma combinação de resultados na 12ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa da Rússia-2018 pode elevar o Brasil ao primeiro lugar no ranking da Fifa. Basta a Seleção vencer o Peru, em Lima, na madrugada de terça para quarta-feira, e a atual número 1 do mundo, Argentina, perder em casa para a Colômbia. Quem apostaria nisso dois anos dois anos e quatro meses atrás, quando os pentacampeões deram o maior vexame da história centenária no 7 x 1 diante da Alemanha?
O ranking não tem importância nenhuma durante quatro anos, mas quase sempre é decisivo na definição dos cabeças de chave da Copa do Mundo. Em 2014, por exemplo, o Brasil e os sete melhores colocados no ranking se deram bem. E acredite se quiser: a Seleção não é a primeira do ranking desde maio de 2010, ou seja, um mês antes da Copa do Mundo disputada na África do Sul. Dunga era o comandante verde-amarelo.
Tite faz um belíssimo trabalho na Seleção. Cinco vitórias em cinco jogos, 15 gols marcados e apenas um sofrido. Contra, por sinal, de Marquinhos, na vitória por 2 x 1 sobre a Colômbia, em Manaus. O maior ensinamento da partida de ontem, em Belo Horizonte, foi saber sofrer. A Seleção teve equilíbrio no primeiro tempo para suportar a pressão da Argentina, que precisava demais do resultado para voltar à zona de classificação e tomou a iniciativa do jogo.
Na minha opinião, algumas decisões rápidas de Tite mudaram o panorama da partida. Ele inverteu o posicionamento de Fernandinho com Paulinho ao notar que Messi estava fazendo gato e sapato de Fernandinho a ponto de vê-lo receber um cartão amarelo com cinco minutos de jogo. A aproximação de Philippe Coutinho com Neymar na esquerda também foi uma boa sacada, com Renato Augusto se deslocando para ocupar o lado direito, onde Coutinho normalmente estaria. Os deslocamentos de Neymar para a direita também surpreenderam a defesa alviceleste. O fato de Gabriel Jesus ser um camisa 9 com mobilidade também contribui.
Não acho a Argentina frágil. Está desorganizada. Perdeu demais com o pedido de demissão de Gerardo “Tata” Martino. Jogou fora um trabalho de dois anos e meio que levou a seleção a dois vice-campeonatos na Copa América, em 2015 e em 2016. Acrescente a isso a bagunça que virou a Associação de Futebol Argentino (AFA).
No fim das contas, o Brasil está em primeiro graças ao gol de mão do peruano Ruidiaz que eliminou o Brasil da Copa América Centenário na fase de grupos e culminou com a demissão de Dunga e a contratação de Tite. E a Argentina está em sexto devido a uma infelicidade de Messi na decisão do título por pênaltis diante do Chile. Se não fosse isso, talvez, a Argentina estivesse em primeiro e o Brasil em sexto lugar a essa altura das Eliminatórias… Acho que, no fim das contas, a atual vice-campeã mundial Argentina se classifica. E evita o que aconteceu com a Holanda — última vice-campeã do mundo que ficou fora da Copa seguinte. Perdeu o título em 1978 e não esteve no Mundial de 1982.
ATUAÇÕES
Alisson
Fez uma defesa importante no inciso do jogo, mas soltou algumas bolas estranhas. Não é o meu camisa 1 dos sonhos. Para mim, o titular deveria ser Diego Alves. Nota 6
Daniel Alves
Jogar no futebol italiano está fazendo ilumina bem danado a ele. Começou a dar mais valor ao posicionamento defensivo. Deu conta de Di María no clássico. Nota 6,5
Marquinhos
Teve tranquilidade para vigiar Higuaín e auxiliar no combate à Messi depois que Fernandinho tomou cartão amarelo. É jovem, mas joga como um veterano. Nota 7
Miranda
Roubadas de bola, faltas no momento certo e sincronia no momento mais tenso da partida, ou seja, a pressão da Argentina nos primeiros minutos jogo. Nota 7 Thiago Silva Entrou no fim da partida e teve tempo de desarmar um cruzamento de Messi. Nota 5
Marcelo
A Argentina pressionou bastante o lado esquerdo da defesa, mas o lateral soube tomar conta do pedaço. Agüero entrou no segundo tempo para pressioná-lo, mas estava seguro e até conseguiu subir ao ataque e participar do terceiro gol. Nota 6,5
Fernandinho
Messi ameaçou fazer gato e sapato dele. Com cinco minutos de jogo tinha duas faltas e um cartão amarelo. Poderia até ter sido expulso. Beneficiado com a troca de posicionamento com Paulinho, terminou a partida como maior ladrão de bolas do Brasil. Nota 7
Philippe Coutinho
Que golaço de fora da área. Como evoluiu na Europa. No Vasco, a pontaria não era tão boa quanto agora, no Liverpool e na Seleção. Nota 8 Douglas Costa Entrou para renovar o gás que já estava faltando a Coutinho e não comprometeu. Nota 5
Paulinho
Gosta de jogo grande. Fez gol na Inglaterra, no Uruguai e pela segunda vez contra a Argentina. Colocou a casa ao inverter o posicionamento com Fernandinho e dar o primeiro combate em Messi. Com o melhor do mundo domado, perdeu um gol feito, mas compensou. Nota 8
Renato Augusto
Jogou muito bem sem a bola. Inteligente, ocupou o lado direito no primeiro tempo para dar espaço a Philippe Coutinho para encostar em Neymar na esquerda e tramar ações como a do primeiro gol. Nota 7
Neymar
Chapéu em Biglia, drible em Mascherano, passe para o gol de Philippe Coutinho e o quarto gol em quatro jogos sob as ordens de Tite, o 50° dele pela Seleção principal. Nota 8,5
Gabriel Jesus
Jovem, sentiu o peso do clássico e da marcação Argentina no início do jogo, mas começou a se soltar depois que o Brasil fez 1 x 0 e deu passe para o gol de Neymar depois se ganhar uma disputa de bola no corpo com o marcador. Poderia ter feito dele na etapa final. Nota 7 Roberto Firmino Substituiu Gabriel Jesus, mas entrou relaxado em campo. Desperdiçou ao menos duas chances claras de gol. Nota 6
Tite
Soube sofrer no início da partida, reduziu o raio de ação de Messi, arriscou ao deixar Fernandinho em campo e inverter o posicionamento dele com Paulinho no primeiro combate e coleciona cinco vitórias em cinco jogos, 15 gols a favor e 1 contra — curiosamente contra, mesmo, de Marquinhos, na vitória por 2 x 1 sobre a Colômbia, em Manaus. Nota 8,5