A Seleção principal jamais enfrentou o Qatar, mas o adversário desta quarta-feira, às 21h30, no Mané Garrincha, já saboreou um triunfo épico nas categorias de base. O pequeno emirado do Golfo Pérsico eliminou o Brasil nas quartas de final do Mundial Sub-20 de 1981 em um histórico mata-mata disputado na Austrália. A esquadra nacional árabe foi vice-campeão do torneio. Perdeu para a Alemanha na final. Por 37 anos, esse foi o maior feito do país até a conquista da Copa da Ásia, em fevereiro deste anos, nos Emirados Árabes Unidos.
Na fase de grupos, o Qatar, comandado pelo carioca Evaristo de Macedo, ficou em segundo lugar atrás do Uruguai e à frente da Polônia e dos Estados Unidos. O Brasil passou em primeiro na chave que tinha Romênia, Coreia do Sul e Itália.
Em 11 de outubro de 1981, Brasil e Qatar se encontraram no Newcastle Stadium, em Newcastle, na Austrália. Um público de 12.993 torcedores testemunhou a página histórica escrita daquele Mundial Sub-20. Autor de três gols, Khalid Salman Al-Muhannadi, atualmente comentarista da tevê Al Kass no Qatar, teve uma exibição inesquecível a vitória do Qatar por 3 x 2.
Khalid Salman balançou a rede aos 10 minutos do primeiro tempo. Promessa do Flamengo, Ronaldo Marques, o Ronaldão, empatou o placar. Na etapa final, Salman marcou aos 11, Ronaldo novamente igualou o marcador aos 33, mas o impossível Salman acabou com o jogo aos 42. O Brasil era comandado por Vavá, auxiliar de Telê Santana na Seleção principal. O time tinha três jogadores que disputaram a Copa do Mundo: os zagueiros Mauro Galvão e Júlio César e o lateral-direito Josimar. Entretanto, nenhum deles impediu a tarde de gala do Qatar contra a Seleção.
O jornalista e historiador Orlando Duarte era o chefe da delegação do Brasil. Indignado com a arbitragem, deu início a uma confusão ao invadir o gramado para protestar contra o homem do apito, o mexicano Antonio Márquez Ramírez. Vaiado pela torcida australiana, Duarte foi suspenso pela Fifa.
Três meses antes do Mundial Sub-20, Evaristo de Macedo havia trazido o Qatar para um período de treino e intercâmbio na casa do Brasil, a Granja Comary, em Teresópolis. Até perdeu amistoso para a Seleção por 3 x 1. Evaristo tinha como preparador físico Oswaldo de Oliveira, que mais à frente virou técnico campeão brasileiro (1999) e Mundial (2000) com o Corinthians.
O sucesso do Qatar tinha quatro pilares: os pontas Khalid Salman e Ali Zaid, o centroavante Badr Bilal e o goleiro Ahmed Yunes. Liderada pelo quarteto, a seleção desbancou a Inglaterra nas semifinais por 2 x 1 e foi goleada pela Alemanha por 4 x 0 na decisão do título, em Sydney.
Trinta e oito anos depois daquele torneio, o Qatar desembarcou no Brasil para a Copa América como campeão da Copa da Ásia 2019, país-sede da Copa do Mundo 2022, palco das próximas edições do Mundial de Clubes da Fifa, em 2019 e 2020, e com uma seleção que evoluiu bastante no cenário internacional. Conquistou a Copa da Ásia com sete vitórias em sete jogos e apenas um gol sofrido. Comandada pelo espanhol Felix Bas, arrematou os prêmios de melhor jogador do torneio, artilheiro e goleiro. Um baita feito.
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