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Botafoguense, governador do DF, Rodrigo Rollemberg, conta como perdeu um filho para o Flamengo

Publicado em Esporte

Por Douglas Carvalho

Convencer uma criança a virar a casaca é tarefa quase impossível. Que diga o governador do Distrito Federal, o botafoguense Rodrigo Rollemberg.

Em um papo descontraído no gabinete do político, no Palácio do Buriti, em 26 de fevereiro deste ano, ele confessou que “falhou” ao tentar persuadir dois dos seus três filhos a torcerem pelo mesmo time do pai, o Botafogo.

“Uma é vascaína, um é botafoguense e o mais novo é flamenguista. Sou democrático”, brincou Rollemberg, antes de narrar a última investida frustrada, quando apostou as fichas derradeiras para demover o caçula, Pedro Ivo, da preferência pelo Flamengo e torná-lo um alvinegro.

Um jogo do Botafogo em Brasília, em 26 de agosto de 2001, parecia a isca perfeita para o então deputado distrital fazer o filho abandonar a paixão pelo rubro-negro. Pedro Ivo, como contou Rollemberg, tinha 5 anos. O Glorioso desembarcou na capital para enfrentar o Gama, no antigo Estádio Mané Garrincha, pela primeira fase do Campeonato Brasileiro daquele ano.

“Pensei: ‘É hora de cooptá-lo a ser botafoguense”, recordou. Rollemberg seguiu o padrão de todos os pais que querem influenciar a escolha de um filho. “Comprei boné, bandeira, calção, camisa, chuteira, meião… Ele vestiu Botafogo de cima a baixo.”

Ídolo do Botafogo e símbolo da conquista do Brasileiro de 1995, o ex-atacante Túlio visitou o elenco alvinegro no vestiário antes da partida. Rollemberg, então, aproveitou a presença do então jogador do Vila Nova-GO para colocar o filho pela primeira vez cara a cara com um xodó da torcida.

“O Túlio autografou camisa e bandeira, e tirou foto com o Pedro Ivo”, narrou. “Mas, chegou a hora do jogo e… Uma pelada monumental: 0 x 0”.

O Botafogo contava com um elenco modesto e sem estrelas — o uruguaio Claudio Milar, morto aos 34 em um acidente com o ônibus da delegação do Brasil de Pelotas-RS, em 2009, compunha o ataque alvinegro. No lado do Gama, o goleiro Ronaldo Giovanelli, ídolo do Corinthians, fechava o gol.

Apesar do placar em branco no Mané, Rollemberg acreditava que havia convencido o filho a virar a casaca. “Fomos para casa, morávamos no Park Way. Pedro Ivo dormiu no banco de trás do carro”, relembrou. Quando chegaram ao lar, o político carregou nos braços o filho “adormecido”.

“Quando fui colocá-lo na cama, ele abriu um olho e falou baixinho: ‘papai, eu vou continuar Flamengo’”.

Pedro Ivo ainda não sabia, mas um dos jogadores do Botafogo naquele dia lhe daria alegrias por uma década. Ao contrário do caçula de Rollemberg, o jovem lateral direito Leonardo Moura, à época com 23 anos, viraria a casaca. Em 2005, ele desembarcaria no Fla, pelo qual levantou cinco taças do Carioca, duas da Copa do Brasil e uma do Brasileiro, até 2015, deixou o rubro-negro rumo ao Fort Lauderdale, do futebol dos Estados Unidos.