Bayern de Munique estudou saída de bola manjada do Flamengo e se impôs

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New Jersey — Saída de bola é meio caminho andado para o sucesso, mas nenhum time de alta performance pode ser refém do samba de uma nota só. Ao estudar o Flamengo, o técnico Vincent Kompany entendeu: o adversário só sabe sair tocando de pé em pé lá de trás. Não há outra alternativa. A estratégia funciona contra times medíocres do Brasil, da América do Sul, da Tunísia, da MLS ou da segunda linha da Europa como o Chelsea. Não contra o Bayern de Munique.

O time bávaro fez o Flamengo provar do próprio veneno em 10 minutos insanos. Erros de Rossi, Wesley e o gol contra de Erick Pulgar determinaram o roteiro da partida. A imponente marcação no campo rubro-negro também deixou Arrascaeta vulnerável. O uruguaio perde a bola para Kane no lance do segundo gol alemão.

Confortável, a equipe germânica comportou-se como o Dream Team dos Estados Unidos nos torneios olímpicos de basquete: deixou a outra equipe brincar um pouquinho. Gerson diminuiu com uma chute cheio de raiva no fundo da rede de Neuer.

Bastava o Bayern subir a marcação para deixar a defesa do Flamengo em pânico. Luiz Araújo interceptou mal a bola e ela caiu nos pés de Goretzka. O volante foi medalhista de prata no Maracanã nos Jogos do Rio-2016 naquela Alemanha considerada de quinta categoria. Não era. Gnabry também faz parte do elenco.

Enquanto um Flamengo no limite da capacidade técnica, física e tática manifestava vontade de empatar, com o pênalti cobrado pelo especialista Jorginho deslocando Neuer, o Bayern esticava a corda e puxava.

Uma nova blitz causou caos e expôs a falta de repertório na saída de bola. O Flamengo não sabe dar chutão. Não faz parte dos conceitos de Filipe Luís. Uma alternativa seria bola longa no Pedro para ele fazer o pivô na disputa com os marcadores, porém o camisa 9 sequer entrou.

Ciente da dificuldade do adversário, Vincent Kompany fazia um treino intervalado de alta velocidade, o popular HIIT. Bastava mover o goleiro-linha Neuer à frente, além dos defensores e dos meias, para atravessar o samba de uma nota só. Os erros se sucediam e a bola caía nos pés de quem não deveria: Kane. O centroavante é a outra diferença da partida. Fez o quarto e apresentou ao Flamengo de uma forma leve — poderia ter sido pior — o outro patamar, expressão cunhada por Bruno Henrique.

Quando o Flamengo trabalhou para se reconstruir, virou rico e conquistou o bi do Brasileirão em 2019 e em 2020, falou-se do risco de uma “bayernização” da Série A. A trupe de Munique havia empilhado 11 títulos nacionais consecutivos. Temia-se que o poderio financeiro rubro-negro fizesse o mesmo. Não aconteceu nem veremos isso.

O Flamengo cai de pé, porém o abismo ainda é enorme. Falta muito para diminuí-lo. As gestões de Eduardo Bandeira de Mello, Rodolfo Landim e do Luiz Eduardo Baptista, o Bap, estão de parabéns por ter devolvido à “nação” o orgulho de figurar, enfrentar e até vencer adversários do Velho Continente.

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Marcos Paulo Lima

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