A saída oficial de Neymar do Barcelona nesta terça-feira deixa como legado um perrengue financeiro para o ex-time resolver com o Santos. Quando contratou o brasileiro em 2013, uma das cláusulas do acordo era a disputa de dois amistosos — um na Catalunha e outro no Brasil — enquanto Neymar vestisse a camisa azul-grená. O primeiro saiu do papel e foi realizado em 2 de agosto de 2013, no Camp Nou, com goleada dos donos da casa por 8 x 0. Havia negociação para que o segundo fosse neste ano, em 8 ou 9 de agosto, mas a CBF e a Conmebol teriam vetado sob a alegação de que o Peixe enfrentará o Atlético-PR no próximo dia 10 pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América.
O problema, agora, é que Neymar saiu do Barcelona. Como o segundo amistoso não foi disputado, o Santos tem direito a uma indenização de € 4,5 milhões (R$ 16,7 milhões). Uma das cláusulas referentes ao amistoso obrigava Neymar a estar em campo, assim como o time principal do Barcelona. Se o craque fosse vendido, o jogo não aconteceria e os espanhóis teriam de desembolsar o valor da multa.
O Barcelona tentou programar a vinda ao Brasil pelo menos duas vezes, mas não houve acordo. Além do conflito dos calendários brasileiro e europeu e dos vetos da CBF e da Conmebol devido ao conflito de datas, o Santos pretendia organizar a partida em um dos estádios da Copa de 2014, não necessariamente na Vila Belmiro ou na capital paulista.
Como em princípio o contrato inicial de Neymar terminaria em 30 de junho de 2021, o Barcelona ficou de apresentar ao Santos uma nova proposta de data para o amistoso no Brasil. O acordo original previa o duelo entre 1° de julho e 20 de setembro, mas o Barcelona chegou a cogitar vir ao Brasil em dezembro ou janeiro. Sem Neymar em campo, isso não será mais possível. Consequentemente, o Barcelona pode ser obrigado a usar parte dos € 222 milhões que deve receber do Paris Saint-Germain para indenizar o Santos. Uma saída para o Barcelona para não desembolsar o valor é alegar que houve uma rescisão contratual por parte de Neymar.
O amistoso devido pelo Barcelona tem tudo para ser decidido no tapetão. Por sinal, a Justiça da Espanha chegou a investigar se o acerto para os amistosos havia sido uma forma de simular o valor real da transferência de Neymar para o Barcelona — o grupo DIS, que era dono de uma fatia de 40% do jogador, sustenta que elas foram usadas para fraudar o negócio.