Acordei na última segunda-feira com uma daquelas ideias malucas. Caminhar pelas ruas de Rostov-On-Don em busca de alguma janela que exibisse um dos granes ícones de uma era — a bandeira da União Soviética. Saí com a certeza de que daria pernada a toa. Só que não, amigos.
Fui em direção ao Fan Fest da cidade prestando atenção em cada casa, em cada apartamento. Cinco quarteirões depois do hotel em que fiquei hospedado, ali estava ela, vermelha, com o machado e a foice, meio encardida. Fotografei a relíquia com medo de que o dono visseda janela. Pena que ela não tremulava. Estava toda enrolada no mastro. Culpa do vento.
Depois de conseguir a foto de recordação, voltei a andar imaginando como seria, hoje, a seleção da URSS, uma potência que conquistar a Euro-1960, foi quarta colocada na Copa de 1966 e bicampeã olímpica em em Melbourne-1956 e Seul-1988.
Queria um time com jogadores atuais das 15 república disponíveis. Não só da Rússia. Na viagem de trem para São Petersburgo, onde a Rússia joga hoje contra o Egito; e o Brasil na sexta, diante da Costa Rica, troquei ideia abordo sobre o tema com o xará jornalista Mark Bessonov, do Sport24. A conversa foi longe. Nada melhor do que um russo para escalar a URSS, ou CCCP.
Para o gol, Mark escalou o compatriota Akinfeev. Na zaga, colocou o brasileiro naturalizado Mário Fernandes, os zagueiros Kverkvelia (Geórgia), Rakitskiy (Ucrânia) e o lateral-esquerdo Zhirkov (Rússia). No meio de campo, Denisov (Rússia), Golovin (Rússia) e Zinchenko (Ucrânia). No ataque, Mkhitarian (Armênia), Yarmolenko (Ucrânia) e Smolov (Rússia). O técnico de Mark seria Viktor Goncharenko (Bielorrússia). Segundo ele, faz um belo trabalho no CSKA Moscou.
A resenha terminou no campo da imaginação: até que fase chegaria a reforçada seleção da União Soviética dentro de casa nesta Copa da Rússia? O xará cravou quartas de final, ou seja, pelo menos duas fases além da expectativa dos torcedores da dona da casa.
A goleada por 5 x 0 sobre a Arábia Saudita na estreia abriu a possibilidade de a Rússia ir além da fase de grupos. De chegar com as próprias pernas, às oitavas da Copa. A última vez que isso aconteceu foi em 1990, na Itália, como URSS. O primeiro milagre da Copa de 2018 pode rolar hoje. Basta que os anfitriões vençam o Egito, de Mohamed Salah, em São Petersburgo.