51988200585_b6bc05538a_c Dudu e Raphael Veiga comemoram na estreia contra o Táchira. Foto: Cesar Greco/Palmeiras Dudu e Raphael Veiga comemoram na estreia contra o Táchira. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Atlético e Palmeiras provam na Libertadores por que estão uma braçada à frente do Fla na raia dos ricos

Publicado em Esporte

A largada dos times mais ricos do Brasil na fase de grupos da Libertadores mostrou que Atlético e Palmeiras estão algumas braçadas à frente do Flamengo na raia dos ricos do futebol brasileiro neste início de temporada. Enquanto os candidatos mineiro e paulista ao título continental se desgastam pouco — e até poupam peças e energia — para cumprir as ordens dos seus técnicos, o concorrente carioca faz um esforço imenso no exercício de obediência aos ensinamentos de Paulo Sousa. É a diferença entre o trabalho pronto em evolução do bicampeão continental; semipronto do atual tri mineiro, do Brasileirão e da Copa do Brasil; e outro em conflituosa metamorfose, como é o caso rubro-negro.

Os mais azedos dirão que o Deportivo Táchira, da Venezuela, não é a fita métrica ideal para medir o Palmeiras. Concordo em parte. Abel Ferreira poupou sete jogadores que participaram da final do Campeonato Paulista no imponente triunfo por 4 x 0 sobre o São Paulo. Mesmo assim, passou com facilidade pelo adversário, fora de casa. Sinal de que tem o elenco nas mãos para rodá-lo com certa tranquilidade e concorrer a mais três títulos até quando for possível.

Dos troféus possíveis, Abel Ferreira só não ostenta um: o Campeonato Brasileiro. Amargou o sétimo lugar em 2020 e o terceiro no ano passado. Se ainda existe alguma crítica ao português, é justamente o fato de ele ter cabeça fria e o coração quente nas copas e levar os pontos corridos em banho-maria.  Não acho que será assim neste ano. A tendência é o alviverde levar a maratona a sério e se manter na briga pelas primeiras posições até o sprint final, em outubro.

Pondero apenas o que tenho dito. O Palmeiras atingiu o ponto máximo de competitividade na temporada antes de todos os rivais devido ao Mundial de Clubes. Havia um compromisso de altíssimo nível contra o Chelsea. O planejamento para esse jogo levou Abel Ferreira a queimar etapas. Isso fez com que o alviverde enfrentasse os rivais em outra rotação no Paulistão. A questão é saber até que ponto essa antecipação de fase desgastará o elenco fisicamente. Em tese, pode faltar gás na linha de chegada da Copa do Brasil, Brasileirão ou Libertadores. O fato é que os 4 x 0 contra o Deportivo Táchira avisam que o Palmeiras está na briga pelo tetra.

O Atlético sofreu mais que o Palmeiras. A começar pela logística de 12 horas até o check-in na colombiana Ibagué para o duelo com o Tolima quatro dias depois da desgastante decisão do Mineiro contra o Cruzeiro. Mesmo desfalcado de Zaracho e Réver, e com Keno no banco devido ao desgaste físico, o Galo apostou nos pontas Savarino e Dylan, teve os nervos no lugar para lidar com os sustos do Tolima e usou o ótimo elenco para minar o Tolima. Savarino deu assistência para Zaracho e as entradas de Ademir e Tchê Tchê consolidaram o resultado.

Palmeiras e Atlético estão um degrau acima do Flamengo porque Abel Ferreira e Antonio “Tuco” Mohamed estão em outra fase de seus respectivos trabalhos. O português aprimora o que levou o time ao bi da Libertadores. O alviverde está em crescimento e deve ficar ainda mais forte na janela de transferências do meio do ano, principalmente com a contratação de um centroavante. O argentino herdou de Cuca um Galo pronto. Pouco vaidoso, mexeu pouco, até agora, na estrutura de uma esquadrão campeão de quase tudo em 2021. Faltou a Libertadores, porém a vitória sobre o Tolima mostra o interesse em conquistar o bi continental.

Paulo Sousa vive outro momento no Flamengo. O lusitano herdou terra arrasada de Renato Gaúcho. Não houve legado. Aliás, o único era Michael, mas o atacante foi vendido. O time rubro-negro incorpora ideias totalmente diferentes, a começar pelo 3-4-3 e suas variáveis, e o elenco aparenta insatisfação com os métodos de trabalho da comissão técnica. A resistência faz o Flamengo perder tempo e empilhar exibições ruins como a de terça-feira na vitória nada convincente contra o Sporting Cristal. Por essas e outros é possível afirmar que, na raia dos ricos, Palmeiras e Atlético estão um degrau acima do Flamengo a essa altura da temporada.

 

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