54247177760_c0833cd632_c Gabigol é ovacionado no Mineirão: detalhista até na cor da tiara celeste. Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro Gabigol é ovacionado no Mineirão: detalhista até na cor da tiara celeste. Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Embarque no Cruzeiro fecha ciclo de mudanças radicais na vida de Gabigol

Publicado em Esporte

Gabriel Barbosa teve recepção cinco estrelas no Cruzeiro. Cabulosa, à altura da relevância dele no futebol brasileiro. Especificamente nos seis anos de contrato com o Flamengo. O atacante parecia feliz neste sábado. Não franzia tanto a testa nem mostrava aborrecimento, como nas últimas aparições com o uniforme rubro-negro no fim da temporada passada. Inclusive na festa de despedida diante da “nação”. Gabigol inicia a temporada com a leveza de quem decidiu zerar a vida em vários setores da carreira.

 

Era camisa 10 no Flamengo. Punido pela diretoria, virou 99. Volta a ser 9 no Cruzeiro. Trocou o fornecedor de chuteira. Encerrou o acordo com a norte-americana Nike. Agora, calça a japonesa Mizuno. Deixou o Rio de Janeiro para morar em Belo Horizonte. Rompeu com a torcida mais popular do Brasil para cair nas graças da China Azul. Brilhava no Maracanã, mas agora deseja transformar o Mineirão em nova casa particular de festas. Assumiu um velho-novo amor: o relacionamento com Rafaella Santos, a irmã de Neymar. Ele fez algo difícil. Desapegou. Fechou ciclos para inaugurar outros.

 

Algumas entrelinhas da apresentação de Gabriel Barbosa, porém, apontam poucos sinais de mudança de comportamento. Para mim, Pedro Lourenço vacilou ao vazar um suposto veto do jogador ao técnico Adenor Leonardo Bachi, o Tite. Vale lembrar: Fernando Diniz balançou no cargo depois do vice na Copa Sul-Americana, mas resistiu depois de condenar o vazamento da trama de uma possível demissão com apenas 14 jogos no cargo. Como será o amanhã se dois fios desencapados como Diniz e Gabigol entrarem em curto-circuito.

 

Pedrinho deveria tem mantido o “capricho” de Gabriel Barbosa sob sigilo. Ao quebrar a “cláusula de confidencialidade”, o empresário praticamente entregou a chave do vestiário a Gabriel Barbosa. A palavra do craque de 28 anos terá muito peso na aprovação dos futuros treinadores nos quatro anos de contrato com o clube celeste.

 

Outro recado perigoso diz respeito a hierarquia dos reforços. Gabriel Barbosa foi exibido só. um dia depois de Dudu. O meia-atacante é tão ídolo do Palmeiras como Gabigol é do Flamengo. Colecionou tantas glórias no time alviverde quanto o novo companheiro na equipe carioca. No entanto, o protagonista do Cruzeiro está definido: Gabigol.

 

Resta saber como a escolha repercutirá entre outros ídolos. Além de Dudu, o goleiro Cássio é um ícone do Corinthians. Eduardo era muito querido pela torcida do Botafogo. Bolasie caiu nas graças dos devotos do Criciúma. Há muita vaidade a ser administrada.

 

Por sinal, um dos trechos do belo hino do Cruzeiro diz assim: “Eu vivo cheio de vaidade”. Sim, as contratações lavam a alma de uma torcida marcada pelo sofrimento recente e o início do processo de reconstrução de um clube centenário. Recomendo, no entanto, ao técnico Fernando Diniz, colocar um aviso na porta do vestiário no primeiro treino na Toca da Raposa. O mesmo deixado pelo produtor musical Quincy Jones na entrada do estúdio na gravação da histórica canção We Are the World, em janeiro de 1985.

 

“Check your ego at the door”: “Deixe seu ego do lado de fora”.

 

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