O apresentador Silvio Santos fez sucesso por mais de duas décadas com um programa divertido batizado por ele de Show de Calouros. Quem queria aparecer fazia graça no palco e jurados folclóricos como Aracy de Almeida ofereciam 10 paus – hoje, talvez, seriam R$ 10 – a quem roubava a cena. A Seleção Brasileira que trabalha na Granja Comary, em Teresópolis, é, desde ontem, o Show de Calouros do Dunga não apenas para a Copa América, mas, principalmente, pensando nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.
É preciso dar experiência aos novatos nos palcos do Chile. Do grupo de 25 jogadores que começou a se reunir nesta segunda-feira para a pré-temporada antes da estreia diante do Peru, no próximo dia 14, em Temuco, apenas o goleiro Jefferson, os zagueiros David Luiz e Thiago Silva, o volante Elias os atacantes Robinho e Neymar participaram ao menos uma vez da Copa América. Os demais terão de fazer graça a fim de conquistarem os jurados.
Quem tem muita história para contar aos garotos na concentração é o atacante Robinho. Campeão e artilheiro da Copa América em 2007, o ex-rei das pedaladas sentiu a dor de ser eliminado nos pênaltis pelo Paraguai nas quartas de final de 2011.
Incorporando Aracy de Almeida, eu apostaria 10 paus no sucesso de Philippe Coutinho na Copa América. Se Dunga tiver paciência e souber posicioná-lo taticamente em campo, podemos descobrir na Seleção o camisa 10 que ele tem sido no Liverpool. Outra realidade é Willian. Impressiona o quanto ele tem atuado livre, leve e solto depois do mico, ou melhor, “King Kong” da Seleção na Copa 2014. Roberto Firmino é outra grande aposta interessante.
A maior expectativa no Show de Calouros do Dunga é saber quem vai preencher a lacuna deixada por Luiz Gustavo. O volante era com méritos o dono absoluto do setor até ser cortado por causa da lesão no joelho. Se deus é brasileiro e escreve certo por linhas tortas, quem sabe Dunga descubrorá na Copa América a melhor posição para David Luiz, ou seja, primeiro volante. Na zaga ele foi uma catástrofe durante a temporada do Paris Saint-Germain.
Vai ser bacana ver Danilo se consolidar como herdeiro da camisa 2 de Cafu, Maicon e Daniel Alves, donos do número nas últimas Copas, e avaliar se mercados periféricos como a China e o chamado mundo árabe merecem ter representantes em uma Seleção Brasileira — são os casos de Diego Tardelli e de Everton Ribeiro.