O blog mostrou na última terça-feira que o presidente Jair Bolsonaro havia usado a passagem dos presidentes do Flamengo e do Vasco por Brasília para um encontro com o governador Ibaneis Rocha para alimentar a guerra fria contra o Chefe do Executivo do Rio, o desafeto Wilson Witzel; e o prefeito da Cidade Maravilhosa, Marcelo Crivella. Os bastidores contados aqui ficaram mais evidentes nos discursos desta quinta. Aparentemente, a jogada ensaiada no Palácio do Planalto funcionou — acredite se quiser — em mais um dia de recorde de mortes por covid-19: 1.188 óbitos em 24 horas, mais de 20 mil no total segundo dados oficiais.
Em meio aos treinos do time rubro-negro no Ninho do Urubu, e a ameaça de o clube mais popular do país buscar “asilo” no Distrito Federal com o apoio dos fanáticos torcedores Ibaneis e da secretária de Esporte e Lazer, Celina Leão; Witzel lavou lavou as mãos em relação aos treinos e ao retorno do Campeonato Carioca. Crivella fará o mesmo em breve. Para quem não entra em campo e foge da responsabilidade, não importa se o país acumula 310.087 caos, sendo 18.508 entre a quarta (21) e a quinta-feira (22).
Sob pressão depois do encontro de Rodolfo Landim e Alexandre Campello com Jair Bolsonaro, Wilson Witzel começou a ceder. “Quero esclarecer que não sou contra os treinos acontecerem. O que eu disse que sou contra é que aconteçam sem que haja uma preocupação por parte dos dirigentes para preservar o atleta, que fica exposto. A responsabilidade é dos dirigentes e não do estado, ao assumir essa responsabilidade”, disse do Palácio Guanabara, em entrevista à CNN Brasil.
Witzel se posicionou favorável ao Flamengo em meio à polêmica do clube com a prefeitura do Rio. “Os atletas têm que estar de certa forma protegidos porque é a carreira deles. É uma decisão exclusivamente por parte das entidades associativas. Nunca fui contra a retomada. Só não vai poder ter plateia e torcida. Nós ainda não podemos ter esse tipo de aglomeração. O que precisa é ter esses cuidados”, ponderou o governador.
Aparentemente satisfeito com flexibilização de Witzel, Bolsonaro mudou o endereço da pressão e mandou recado ao prefeito Marcelo Crivella na tradicional live diária nas redes sociais. “Em um primeiro momento, tinha muito jogador que era contra. Agora, já tem um outro entendimento dos jogadores, obviamente (com jogos) sem torcida. Está nas mãos do prefeito Marcelo Crivella isso”, afirmou o presidente no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro citou ações do Ministério da Saúde, comandado por um interino, o general Eduardo Pazuello depois do pedido de demissão de Nelson Teich, para aumentar a pressão sobre Crivella. “Ministério da Saúde é favorável a dar um parecer nesse sentido. Para que a gente possa assistir a um futebolzinho no sábado, domingo”, disse. “Os jogadores querem. voltar a jogar. E afinal de contas, não se sabe até quando vai esta pandemia e todo mundo pede por isso aí. Espero que o Marcelo Crivella resolva autorizar a volta do campeonato Carioca. Espero que o mesmo aconteça nos demais estados”, recomendou Bolsonaro.
Aparentemente, Bolsonaro está vencendo a guerra fria. O desafeto Wilson Witzel praticamente lavou as mãos. Marcelo Crivella caminha para fazer o mesmo, como indicou na saída do Palácio do Planalto nesta quinta-feira após encontro com o presidente. “Nós todos sentamos, fizemos o projeto, e eu quero apresentar à comunidade científica para que, diante dos leitos que estamos abrindo e também da diminuição da curva de velocidade de contágio, nós possamos retomar a atividade no Rio”, ponderou.
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