A eliminação do Real Madrid nas oitavas de final da Liga dos Campeões mostra o óbvio: ciclos dourados chegam ao fim. Só não precisava ser da maneira que foi. A responsabilidade é do presidente Florentino Pérez. O lendário time tricampeão da Champions League e do Mundial de Clubes da Fifa tornou o presidente do clube mais importante do que os heróis da dinastia. Havia algo estranho no reino merengue quando o técnico Zidane e o astro Cristiano Ronaldo resolveram pedir as contas. A fratura está exposta.
Florentino Pérez começou a tomar decisões insanas. Não se deixa Cristiano Ronaldo ir embora da forma que foi. Não se permite que um ídolo como Marcelo vá para o banco de reservas sem um bate-papo com o técnico. Não se barra um goleiro tricampeão da Champions League, como Navas, simplesmente por achar que Courtois pode ser melhor. Não se arranca o técnico da Espanha na véspera do início da Copa da Rússia para demiti-lo cinco meses depois, com apenas 14 partidas no cargo. Não se joga a responsabilidade de um time de marmanjos nas costas de um jovem de 18 anos. Sim, estou falando de Vinicius Júnior. Assim como os clubes brasileiros, o Real Madrid também erra. Feio.
Isso não tira os méritos do Ajax. Longe disso. A classificação não pode ser considera obra do acaso. Longe disso. Há um trabalho de reconstrução no clube holandês. Há dois anos, o Ajax decidia a Europa League contra o Manchester United. Tinha média de idade de 22,6 anos. Quase entrou para a história como o campeão mais jovem da história da história. Perdeu a final por 2 x 0, mas o planejamento não foi chutado para escanteio.
Dos 14 jogadores que entraram em campo na goleada por 4 x 1 sobre o Real Madrid, nove entraram em campo na final da LIga Europa de 2017: Onana, Veltman, De Ligt, De Jong, Schöne, Van de Beek, Ziech, David Neres e Dolberg. Há dois anos, o técnico do clube holandês era Peter Bosz. Agora, Erik ten Hag administra os meninos. O time que iniciou a partida no Santiago Bernabéu tem média de 24,9 anos.
O triunfo sobre o Real Madrid agitará o mercado no meio do ano que vem. A realidade do Ahax, hoje, é formar e ganhar dinheiro com a venda de jogadores. Bem diferente de 1995, quando aquele timaço de Louis van Gaal conseguiu peitar gigantes e conquistar a Champions League e o Mundial de Clubes da Fifa.