Inter foi um dos dois times brasileiros derrotados na primeira rodada
Crédito da imagem: Reuters/David Mercado
Pela primeira vez, desde 2002, o futebol brasileiro pode começar a disputa da fase de grupos da Copa Libertadores da América com três derrotas para adversários estrangeiros. Descartando o clássico nacional entre Corinthians e São Paulo vencido pelo alvinegro, o Internacional perdeu para o The Strongest, na altitude de 3.600m de La Paz, e o Atlético-MG foi presa fácil para o Colo Colo, no Chile. Dos cinco representantes do país no torneio continental, apenas o Cruzeiro não estreou. Resta ao atual bicampeão brasileiro salvar a pátria do vexame na quarta-feira, diante do Universitario Sucre, na Bolívia.
Há 12 anos, só um dos quatro brasileiros venceu na primeira rodada. O Grêmio goleou o Oriente Petrolero. São Caetano, Atlético-PR e Flamengo foram derrotados, respectivamente, por Cobreloa, Bolívar e Once Caldas. Apesar da catástrofe na largada da Libertadores de 2002, o Brasil chegou à final graças ao São Caetano, mas perdeu o título no Pacaembu para o Olimpia, do Paraguai.
Os maus desempenhos de Inter, Atlético-MG e São Paulo tiveram culpados explícitos. Em La Paz, o técnico Diego Aguirre escalou mal o colorado e perdeu por 3 x 1 para o The Strongest. Além do técnico uruguaio, pressionado no retorno a Porto Alegre, o meia Anderson saiu queimado. De volta ao Brasil depois de oito anos na Europa, não suportou o ar rarefeito da capital boliviana e saiu aos 36 minutos do primeiro tempo. Péssima impressão para quem foi revelado pelo arquirrival Grêmio e custou R$ 28 milhões aos cofres colorados. Até a imprensa inglesa ironizou o ex-jogador do Manchester United.
Herói da conquista inédita do Atlético-MG em 2013, o goleiro Victor assumiu a culpa da derrota para o Colo Colo, em Santiago, por 2 x 0. Reserva de Julio Cesar e de Jefferson na última Copa do Mundo, o ídolo do Galo engoliu um frango no primeiro gol, em um chute do meio da rua. Apesar da falha, o técnico Levir Culpi fez o papel de escudeiro do camisa 1. “Victor está cansado de fazer milagres que nos salvam. No jogo passado aconteceu, por exemplo (contra o Democrata). Faz parte do jogo”, ponderou.
Victor não fugiu do assunto. “Era uma bola defensável. Talvez, houve um erro de tomada de decisão. A bola fez uma curva e eu tentei botar o corpo atrás dela, mas ela ganhou no quique”, explicou.
O primeiro Majestoso da história da Libertadores também teve os seus vilões. No intervalo da derrota para o Corinthians por 2 x 0, o volante Maicon, do São Paulo, se irritou ao ser questionado se era dele a responsabilidade de marcar Elias, autor do primeiro gol. “Minha incumbência é brincadeira. Tinha (Rafel) Tolói mais o Bruno para fechar. É uma jogada que a gente sabia que eles fariam e acabamos tomando o gol. Errou todo mundo, não é apontar um ou outro”, disse.
Jô vira piada
Um outro vilão da primeira rodada é o centroavante Jô. Há 313 dias (26 jogos) sem fazer gol, o jogador do Atlético-MG teve a chance de substituir Lucas Pratto na derrota para o Colo Colo, do Chile. Em 74 minutos, finalizou só uma vez e acertou o mesmo número de passes que o goleiro Victor: quatro.
O resultado da péssima fase é uma coleção de piadas nas redes sociais. Torcedores criaram um evento para comemorar o aniversário de um ano do último gol do jogador — em abril de 2014, diante do Zamora, pela Libertadores. Embora esteja devendo, Jô criticou a postura do time. “É preciso ter inteligência de jogar fora de casa. Nós nos expomos muito e sofremos com o toque de bola deles. Não tivemos pegada. Na Libertadores, é preciso saber jogar fora”, analisou, após a derrota por 2 x 0.