A coluna Máquinas do Tempo desta segunda no Correio Braziliense: CPI discutia quem deveria marcar Zidane e a França conquistava tudo…

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O carrasco Zidane: início de uma era dourada para a França

Crédito da imagem: Cláudio Versiani/CB/D.A Press

Muito bacana a Comissão Parlamentar de Inquérito do Futebol, senador Romário. Talvez seja o 1.003º gol da sua brilhante carreira. Mas, por favor, Baixinho, se possível, faça uma triagem das perguntas que serão feitas aos convocados. Não somos obrigados a ouvir perguntas desnecessárias como a do então deputado Eduardo Campos (que Deus o tenha), em 10 de janeiro de 2001, para o centroavante Ronaldo: “Era você que tinha de marcar o Zidane?” O Fenômeno escapou bem da marcação. “Isso vai ajudar muito na CPI?”. Não ajudou a CPI e muito menos o futebol brasileiro. Prova disso é que vai rolar outra CPI. Ah, e a Seleção continua sem saber marcar bola aérea, levando gols em cobrança de escanteio, como aqueles dois de Zidane na final da Copa do Mundo de 1998.

Lembrei a pergunta do Eduardo Campos ao Ronaldo para entrar na máquina do tempo e mostrar o quanto aquela França era, sim, boa de bola. Enquanto a CPI discutia quem deveria marcar Zidane, a geração do camisa 10 eleito três vezes melhor do mundo conquistava três títulos em quatro anos, de 1998 a 2001. Mais uma prova de que o Brasil não vendeu a Copa.

Há 15 anos, a França celebrava, na Holanda, o título da Eurocopa dois anos depois de golear o Brasil, de Zagallo, por 3 x 0, no Stade de France. A dobradinha foi um feito e tanto à época. Até então, só a Alemanha havia conquistado a Copa e a Euro (ou vice-versa) em sequência. Campeã continental em 1972, a Alemanha levou o Mundial em 1974. A Espanha superou França e Alemanha com sua trinca. Ganhou a Euro (2008), a Copa (2010) e a Euro (2012).

O feito da França começou naquele 3 x 0 diante do Brasil. Sob o comando de Aimé Jacquet, a trupe de Zidane, Blanc e Deschamps — todos eles treinadores atualmente —  deu a primeira das três provas de grandeza. Humilhou a Seleção porque era equilibrada taticamente. Foi campeã com o melhor ataque (15 gols) e a melhor defesa (2 sofridos). Contava com o fora de série Zidane e tinha bons coadjuvantes. Desailly, Djorkaeff, Vieira e Thuram… O centroavante Guivarc’h era horrível, verdade, mas cada louco com sua mania. Aimé Jacquet preferia deixar Henry e Trezeguet esquentando o banco.

Mas a fase era boa. Até errado dava certo. Aimé Jacquet deixou a seleção. Assumiu o fraco Roger Lemerre. Aquele timaço não precisava de técnico. Dois anos depois, a França mostrou novamente ao Brasil que pouco interessava se Ronaldo deveria marcar Zidane. Ganhou a Eurocopa em cima da Itália graças aos brilhos de Wiltord e Trezeguet em uma virada fantástica. A Squadra Azzurra vencia a decisão até os 48 minutos do segundo tempo e deixou o título escapar na prorrogação.

Em 2001, ano da pergunta de Eduardo Campos a Ronaldo, a França era campeã da Copa das Confederações com um time misto. Eliminou o Brasil, de Emerson Leão, por 2 x 1 nas semifinais, e bateu o Japão na decisão por 1 x 0. Três títulos em três anos. Depois disso, a França foi vítima de uma maldição que o Brasil conhece bem: quem ganha a Copa das Confederações não vence a Copa. Em 2002, os bleus foram eliminados na primeira fase e o Brasil faturou o penta. Chegava ao fim uma era dourada.

O símbolo…

O título da Copa de 1998 fez Zidane desbancar Ronaldo na eleição do melhor jogador do mundo. O meia teve 518 pontos, contra 164 do Fenômeno e 108 do centroavante croata Davor Suker.

…De uma era

Brilhante na Eurocopa 2000, Zidane foi eleito pela segunda vez número 1 do mundo com 370 pontos, contra 329 do português Figo e 263 do brasileiro Rivaldo. Zidane conquistaria o tri em 2003.