Émerson dos Santos da Silva foi uma das grandes revelações do Gama no início do século. Nascido em Taguatinga, deixou o alviverde aos 21 anos rumo aos bons tempos do São Caetano. Foi um trampolim para passagens por Guarani, Flamengo, Coritiba, Atlético-MG, Botafogo, Athletico-PR e Seleção Brasileira, em 2011, sob o comando de Mano Menezes. Émerson voltou ao futebol do DF em 2019 para ficar próximo dos pais. Em entrevista ao blog, o jogador de 37 anos completados no último dia 3 de maio conta por que decidiu investir na ajuda a jovens talentos da cidade – como o amigo Tarta, que acaba de trocar o Gama pelo Juventude-RS – a sonhar alto e evoluir na profissão fora do quadradinho candango. “Passei 15 anos rodando por aí, e o futebol de Brasília está pior do que quando saí”, compara, decepcionado.
O blog apurou que Émerson foi um dos personagens decisivos para a transferência do meia Tarta para o Juventude. O empréstimo do jogador ao clube de Caxias do Sul (RS), campeão da Copa do Brasil em 1999, é uma síntese do perrengue dos talentos da cidade para serem vistos, aceitos e contratados por times de fora do quadrado. Pelo menos cinco personagens entraram em ação para que o jogador de 27 anos saltasse do Gama (Série D) para o Juventude (B): Émerson, o ex-jogador Baiano, o ex-volante Pierre (Palmeiras, Atlético-MG e Fluminense), e Luiz Alberto Filho, da L.A. Sports – um dos agentes mais influentes da Região Sul do país e parceiro do Juventude.
Questionado sobre como descobriu e levou Tarta para o clube gaúcho, Luiz Alberto Filho respondeu ao blog: “Foi através do Émerson. Ele trabalha comigo há mais de 10 anos”. O agente começou a gerenciar a carreira de Émerson na passagem do zagueiro pelo Avaí. A parceria perdura. Aos poucos, Émerson vira olheiro dele. “Tem muitos jogadores bons aqui no DF, mas precisam de um empurrão do empresário. Como a minha relação com o Luiz sempre foi boa, recomendamos o Tarta. É uma grande oportunidade para ele. Havia falado com o Luiz Alberto no ano passado, mas ele acabou deixando pra lá porque estava muito ocupado”, conta Émerson.
Então, entraram em cena o volante Pierre e o ex-lateral Baiano (Seleção, Palmeiras, Santos, Boca Juniors, Gama, Brasiliense e Real). Dono da agência B5, ele ajuda Tarta desde o início da carreira do meia alviverde. Assim como Émerson, Pierre foi agenciado por Luiz Alberto Filho e havia recebido do amigo Baiano imagens do estilo de jogo de Tarta. Num bate-papo com Luiz Alberto, Pierre indicou o meia do Gama para reforçar o Juventude. Disse que ele tem intensidade, passe longo e drible. O empresário lembrou que Émerson havia falado sobre Tarta e abriu conversas com os presidentes do Juventude, Walter Dal Zotto Jr; e do Gama, Weber Magalhães.
Baiano fala sobre a negociação. “Eu havia apresentado quatro propostas ao Tarta antes desse do Juventude devido ao campeonato que ele havia feito no ano passado no título do Gama sendo o melhor jogador da competição, craque da galera e tudo. Preparamos um material para ele e veio proposta do Brusque, Brasiliense, Real Brasília, Vila Nova, e ele optou por continuar no Gama neste ano. Mas essa do Juventude, por ser uma Série B do Campeonato Brasileiro, não tinha como recusar. Pela oportunidade, a idade dele. Se ele for bem lá, vai ajudar o Gama. Estamos cheios de expectativa, esperando passar essa pandemia para ele jogar na Série B”.
“Tarta é um segundo volante moderno. Homem surpresa, área a área. Muito útil, mas vai precisar de paciência para adaptar-se”
Pintado, técnico do Juventude, que comandará o jogador na Série B do Brasileirão
Baiano confirma os empurrões de Émerson e Pierre na carreira do pupilo Tarta. “Na verdade, o Pierre foi empresariado pelo Luiz Alberto durante muitos anos, e o pessoal do Juventude entrou em contato com o Émerson para saber o comportamento extracampo… As palavras do Émerson sobre o profissionalismo do Tarta foram fundamentais. E o Luiz Alberto também, por ser empresário do Émerson, viu e acreditou no potencial do Tarta. Tudo colabora quando há um atleta de qualidade, um homem com caráter ímpar, como o Tarta”, elogia. O presidente do Gama Weber Magalhães liberou o jogador por empréstimo. Em caso de venda, o clube e os agentes envolvidos diretamente na transação ganharão percentual financeiro na transferência. O jogador se apresentará ao técnico Pintado para a Série B.
Émerson não pensa em pendurar as chuteiras, mas tem um plano definido para a aposentadoria: ajudar jogadores do Distrito Federal na busca por voos mais altos na carreira. “Todo jogador precisa ser bem agenciado. Você tem que correr atrás. Quando comecei a trabalhar com ele (Luiz Alberto) foi só ascensão. Fui para o Avaí, dois anos no Coritiba, Atlético-MG. Ele deu dicas importantes em algumas transferências. Em alguns momentos, não pensei somente no dinheiro, mas na visibilidade, no plano de carreira. Nunca precisei assinar nada com ele. Foi sempre na base da palavra. Se não fosse ele, eu não poderia ter chegado tão longe”, testemunha.
Campeão na Seleção e em todos os clubes por onde passou, Baiano concorda com Émerson. “Os atleta de hoje têm que entender que futebol não é mais dentro de campo, o fora de campo conta muito. Todo mundo, hoje, tem amigos em comum, pessoas da bola. Não conta somente o que o Tarta fez no campo, mas o comportamento extracampo pesou para o aval dessas pessoas todas, que foram fundamentais nessa negociação. Pierre é meu amigo, Émerson jogou com o Tarta e o Luiz Alberto é o parceiro do Juventude”, argumenta.
Filho do ex-presidente do Conselho Deliberativo do Coritiba Luiz Alberto Martins de Oliveira, Luiz Alberto Filho entrou no mercado da bola incentivado pelo ex-presidente do Conselho Deliberativo do Athletico-PR, Mario Celso Petraglia. O agente confirmou, em 2018, numa entrevista à Gazeta do Povo. “Lá no início, foi o Petraglia que me incentivou a ingressar na área. É uma pessoa por quem tenho muita admiração. É o melhor dirigente do futebol brasileiro”.
A L.A. Sports é forte no Sul. O empresário já foi parceiro do Coritiba, Athletico-PR e do Paraná. A lista de clientes da agência tem nomes como Émerson (Gama), Guilherme Parede (Coritiba), Robinho (Cruzeiro), Rafael Carioca (Paraná). Luiz Alberto Filho era parceiro do Paraná quando o clube se classificou para a Libertadores. Reforçou o time com Pierre, Maicosuel, entre outros. O Coritiba vice-campeão da Copa do Brasil em 2011 também tinha jogadores dele, como Émerson, Léo Gago, Júnior Urso e outros atletas. Agora, é um dos homens-fortes do Juventude.
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