Duas vitórias, duas derrotas e um empate. A primeira semana dos clubes brasileiros na Copa Libertadores da América mostrou que não vai ser fácil encerrar o jejum de duas temporadas sem título no principal torneio de clube do continente. Além do esforço dos adversários, a metamorfose ambulante dos times do país vai ser um Deus nos acuda nesta fase de grupos.
A América do Sul é fornecedora de pés de obra para a Europa. Ah, e agora para a china também. Quando os campeonatos nacionais daqui acabam em dezembro, os elenco são arruinados por ofertas do exterior. Consequentemente, a Libertadores se torna uma competição imprevisível, sem um favorito absoluto. Vai ser assim de novo em 2016.
A fase de grupos serve basicamente para montar ou descobrir um time que seja capaz de conquistar uma competição que dura seis meses. Quando nasce uma equipe, a Libertadores já acabou há muito tempo. Pior, por exemplo, para o São Paulo. Derrotado pelo The Strongest na estreia por 1 x 0, o tricolor paulista tenta tirar leite de pedra. O técnico Edgardo Bauza foi campeão à frente dos limitados elencos da LDU e do San Lorenzo, é verdade, mas não é todo dia que a varinha de condão funciona. Com todo o respeito aos são-paulinos: não era nem para o clube estar na Libertadores depois da bagunça que foi o ano passado.
E o Palmeiras? Empatou com o River Plate, do Uruguai. Uma decepção. O técnico Marcelo Oliveira não consegue montar um time para o clube que mais contratou nos últimos dois anos. É impressionante. Foi campeão da Copa do Brasil, é verdade, mas na base da raça, em casa, numa decisão por pênaltis. Marcelo Oliveira vai achar o time, mas tomara que não seja tarde demais. O alviverde amarga uma série de quatro partidas consecutivas sem vencer.
Na minha opinião, o Grêmio jogou bem no primeiro tempo. Insuficiente para evitar a derrota por 2 x 0 para o Toluca. no México. O tricolor gaúcho vai viver um dilema nesta Libertadores. Continuar sendo aquele Grêmio do Campeonato Brasileiro, totalmente diferente do que foram os grandes times da história, com posse de bola e plasticidade no jeito Roger Machado de trabalhar; ou voltar a ser o velho Grêmio da força, da raça, como no título de 1995. O Campeonato Brasileiro permite ser um novo Grêmio. A Libertadores, talvez, exija o velho Grêmio.
Corinthians e Atlético-MG salvaram a pátria. O atual campeão brasileiro venceu o Cobresal no Deserto do Atacama com o velho jeito Tite de ser. Organizado taticamente e letal no contra-ataque para vencer por um resultado que tem a cara do velho Tite, aquele do título brasileiro de 2011, ou seja, por 1 x 0. Sinceramente, isso não me incomoda. Feliz do Tite se vencer as seis partidas da fase de grupos e as oito do mata-mata e for campeão da Libertadores.
Para mim, a maior aposta do futebol brasileiro é o Atlético-MG. Vice-campeão em 2011 à frente do Peñarol e semifinalista no ano passado com o Internacional, o técnico Diego Aguirre tem tudo para conquistar o primeiro título pessoal e levar o Galo ao bi. O time mineiro ganhou do Melgar, no Peru, com autoridade de favorito. A entrada de Robinho vai ser a cereja no bolo de um time que, na minha opinião, tem tudo para ser um osso duro de roer.
A grande lição da primeira rodada, principalmente para o São Paulo, é que não se deve menosprezar nenhum adversário. Em tempos modernos, é inadmissível que alguém não tenha percebido em teipes da equipe boliviana a jogada ensaiada de escanteio que estragou um dia que tinha tudo para ser lindo no Pacaembu. A desatenção aos mínimos detalhes pode custar muito caro a qualquer um dos cinco brasileiros na Libertadores.